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Confesso ao leitor que, dia sim dia também, bate aquele desânimo que pode ser quase confundido com começo de depressão. Não está fácil aturar o noticiário político do Brasil, nem mesmo de longe. A cada dia um novo absurdo, mais um golpe do sistema podre e carcomido contra nossas liberdades.

Ninguém para Alexandre de Moraes, e o silêncio cúmplice de tanta gente, a começar pelos seus colegas supremos e passando por quase toda a velha imprensa, acaba colocando lenha na fogueira autoritária. Onde isso vai parar? Não é preciso ser gênio para saber que a Venezuela fica logo ali...

Monark não cometeu qualquer crime. Ele simplesmente emitiu sua opinião de que acredita em fraude eleitoral. Em qualquer país minimamente livre, isso seria um direito inviolável. No Brasil é crime que permite até cidadão comum ser julgado pelo STF! Até depoimento na Polícia Federal o rapaz terá de prestar. Virou Gestapo?

Nas redes sociais, os defensores da perseguição arbitrária vibram e chamam o jovem libertário de nazista, o que é ridículo, uma narrativa forçada que, no fundo, cada um desses blogueiros petistas sabe muito bem. Não importa: eles querem sangue, vingança, censura, precisam calar qualquer um que ouse criticar a esquerda e seu conluio com o sistema podre.

Um senador também é alvo de busca e apreensão no mesmo dia, justo o que vem denunciando uma suposta omissão de Alexandre de Moraes naquele 8 de janeiro. O Senado virou a casa da Mãe Joana, ou, para ser mais preciso, de Alexandre de Moraes. Rodrigo Pacheco é apenas um carimbador acovardado, oportunista, de olho nas benesses dessa postura de vassalo.

Em seu editorial de hoje, a Gazeta do Povo foi corajosa, como sempre, e precisa: "Não há como se falar em democracia quando os cidadãos se veem em estado de constante insegurança sobre o que podem ou não dizer". No caso específico de Monark, o jornal vai direto ao ponto: "Por mais que tenham desagradado a Moraes, as falas de Monark jamais poderiam ser confundidas com um crime e, portanto, censuradas".

A Gazeta do Povo, em sua conclusão, também lamenta o silêncio acovardado de quem se deixa levar pelo clima de medo: "Está sendo criado – independentemente das intenções que movem seus criadores ou da consciência que possam ter de suas ações – um império do medo, semelhante ao dos regimes autocráticos, onde o cidadão precisa conviver com o risco constante de que suas palavras – mesmo que totalmente dentro do que é razoável em uma sociedade livre – sejam consideradas um atentado contra o próprio Estado e punidas com severidade. Isso é inadmissível e não pode mais passar despercebido. É preciso que mais vozes se pronunciem com coragem contra esse estado de coisas, antes que seja tarde".

É muito triste acompanhar o que vem acontecendo com o Brasil, ver nosso país se transformar numa ditadura de forma tão acelerada e sem reação das elites. Tenho lugar de fala, pois sou um dos alvos de Alexandre, tragado para um inquérito ilegal que denunciei antes, sem ter cometido qualquer crime, e com punições "cautelares" dignas de um marginal perigoso: redes censuradas previamente, contas bancárias congeladas e passaporte cancelado.

Isso tudo diante dos aplausos de meus pares jornalistas, pois sou alguém conservador que eles odeiam por apontar seu viés ideológico que tentam mascarar. O esquerdista Glenn Greenwald se destaca pela coerência em meio a tanto defensor de tirania: "O que mais me choca na censura não é o apoio da esquerda (seus inimigos políticos estão sendo silenciados, então é previsível). É que os defensores da censura mais ferozes são jornalistas. Ver jornalistas defendendo a censura é como ver um cardiologista exaltando o cigarro".

Até mesmo o comunista Rui Costa Pimenta, do Partido da Causa Operária, tem defendido a liberdade de expressão contra jornalistas e tucanos "democratas": "Contestar a atuação do Estado não tem nada de antidemocrático. Quer achar o Estado maravilhoso, tem todo o direito de dizê-lo. Quem achar o contrário, também o tem. Falar não mata, nem agride ninguém". Sobre o caso Monark, ele comentou: "Monark não é nem nunca foi nazista. Todo mundo sabe disso. Trata-se de uma perseguição política odiosa contra ele. Todo mundo também sabe disso também. Ele não cometeu crime algum. Agora, caluniar as pessoas - embora eu não concorde - é sim crime previsto na lei. É interessante ver que os que querem o ministério da verdade não têm qualquer pudor em mentir na cara dura".

O Brasil vai mal, muito mal. Caminha rumo ao abismo. A sensação de impotência diante de quadro tão sombrio é desesperadora, como é a necessidade de aturar vagabundos festejando cada nova canetada autoritária do ministro. Tudo isso para "salvar a democracia", claro...

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