Sede do Tribunal Penal Internacional.| Foto: Wikimedia Commons
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Após a Primeira Guerra Mundial, o presidente globalista americano Woodrow Wilson ajudou a criar a Liga das Nações. A Liga entrou oficialmente em atividade no ano de 1920 com o principal objetivo de manter a paz e a segurança entre os seus países-membros.

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Essa organização foi criada em um contexto pós-Primeira Guerra Mundial como uma alternativa para impedir que novos conflitos de tamanha magnitude acontecessem. Desnecessário dizer que ela fracassou, como fica claro com a Segunda Guerra Mundial.

Mas os globalistas nunca desistiram de entidades supranacionais para garantir alguma ordem global e também servir de referência moral. A ONU assumiu essa nobre missão. Na teoria, a ideia é bonita. Na prática, sempre houve o risco de captura dessas instituições pelos regimes nefastos mundo afora.

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O debate filosófico passa pelo conceito de direito natural (universal) contra o positivismo. Se a entidade que declara valores universais pode servir de referência, falta-lhe poder concreto para impor suas decisões tidas como justas. Ou seja, no final do dia vale mesmo quem tem a força para fazer valer os direitos.

O mundo não consegue abrir mão de uma espécie de "xerife global", por isso já tivemos a Pax Romana e a Pax Britânica, e hoje vivemos sob a Pax Americana. Os inimigos das democracias liberais do Ocidente não gostam nada disso, claro. É daí que explica-se, portanto, que Rússia e China estejam aproveitando a relativa fraqueza ocidental para avançar em sua união contra a hegemonia americana.

Na teoria, a ideia é bonita. Na prática, sempre houve o risco de captura dessas instituições pelos regimes nefastos mundo afora

Mas se falta o poder de fato para impor suas decisões, ao menos a ONU e outras instituições globalistas tinham algum capital moral para apontar falhas pelo mundo. Ocorre que, conforme previsto pelos americanos críticos do globalismo, a ONU e demais entidades similares foram usurpadas pelos inimigos ocidentais e pela própria esquerda ocidental acovardada ou traidora.

E toda essa enorme digressão foi para chegar no papelão do Tribunal Penal Internacional, cujo promotor Karim Khan expediu mandados de prisão contra o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, e o ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, por supostos "crimes de guerra".

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O que torna a decisão ainda mais patética é no mesmo dia o TPI ter expedido mandado de prisão para o líder do Hamas também. Ora, o Hamas invadiu Israel em 7 de outubro, matou centenas de pessoas inocentes, estuprou meninas, degolou bebês, mutilou idosos e sequestrou civis. Por que só agora o TPI resolveu expedir um mandado de prisão para o líder do Hamas?

Fica claro que é apenas um jogo político para ajudar na nefasta narrativa de que há uma equivalência moral entre o Hamas e Israel. "O paralelo que [o promotor] traçou entre a organização terrorista Hamas e o Estado de Israel é desprezível”, disse Gallant na rede social X, (antigo Twitter). Bibi Netanyahu também gravou um vídeo detonando a decisão esdrúxula, mostrando o absurdo dela.

O TPI é uma piada de mau gosto. Por isso os Estados Unidos sequer fazem parte do circo, ao contrário da União Europeia. O TPI não tem poder de fato para impor nada, e tampouco goza de boa reputação. Basta pensar que até a Venezuela faz parte do troço! O lamentável, portanto, é que países europeus, por covardia, ainda façam parte desse teatro ridículo. O TPI virou um instrumento da extrema esquerda, nada mais.

Não é de hoje que Israel, com apoio dos Estados Unidos, precisa enfrentar inimigos infiltrados na ONU e companhia. Em resenha do excelente livro Torre de Babel, do diplomata israelense Dore Gold, mostrou como a instituição foi dominada por "progressistas" e falhou em sua principal missão.

De forma bastante resumida, o fracasso da ONU se deve à perda de sua claridade moral, presente na sua origem. Em um mundo dicotômico, com os aliados de um lado e os fascistas do outro, era mais fácil defender o certo e o errado de forma objetiva. Tal clareza foi substituída, com o tempo, pelo atual relativismo moral exacerbado, onde, em nome da “imparcialidade”, ninguém mais deve tomar partido.

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É nesse relativismo moral que entra o esforço da esquerda radical, com apoio da imprensa e das instituições globalistas aparelhadas, em criar falsa equivalência entre Hamas e Israel. Não há, porém, qualquer possibilidade de colocar no mesmo saco quem deliberadamente mata inocentes e usa suas próprias crianças como escudo e quem tenta proteger suas crianças e mitigar perdas civis dos inimigos.

O mundo precisa urgentemente de maior clareza moral. Os Estados Unidos precisam de um novo Reagan, capaz de definir sem medo como "eixo do mal" aqueles que declaram guerra aos valores ocidentais, ainda que o façam de forma velada por meio de instituições globalistas.