É uma pandemia, constatou com atraso a OMS. E o covid-19 apresenta alguns desafios peculiares: tem alta taxa de contágio, elevada hospitalização e não temos vacina ainda. Diante desse quadro, o risco de implosão dos sistemas de saúde era real. Os casos italiano e espanhol assustaram bastante. Era preciso agir.
O isolamento foi a receita pregada por muitos. Quarentena, lockdown, variantes do mesmo tom: temos de manter o distanciamento social para "achatar a curva" e, com isso, ganhar tempo para investir em novos leitos e comprar respiradores. Se todos tiverem contato com o vírus ao mesmo tempo, não há sistema de saúde que resista!
Meses depois, como anda o discurso? Mudou completamente! O isolamento passou a ser um fim em si mesmo, visto como uma espécie de cura para a pandemia. É como se fosse possível ou desejável fugirmos do vírus para sempre, até uma milagrosa vacina. Alguém aí está disposto a defender paralisação do comércio por um ano inteiro?
No começo, os isolacionistas alegavam que era insensibilidade rejeitar 15 dias de quarentena para depois avaliarmos os resultados. Quinze dias! Uns 60 dias depois, eles insistem na mesma tecla, só que agora contabilizam cada óbito como prova da necessidade de mais isolamento. Ora bolas! Qual a lógica disso, se até aqui não faltam leitos no país?
"Você terá dificuldade em encontrar um cientista em qualquer lugar que defenda que não precisamos aprender a conviver com o vírus. Nossos bloqueios incoerentes claramente careciam de uma justificativa científica de como reabrir quando a maioria do público permanece não infectada". Foi o alerta feito por Elon Musk, o bilionário dono da Tesla e da SpaceX, que desafia a decisão do governo californiano de manter fechada a economia, sob o risco de prisão, e ameaça levar suas fábricas para outro estado menos hostil aos negócios.
Um artigo publicado na Foreign Affairs, por professores suecos do Ratio Institute, alega que o modelo de "imunidade de rebanho" adotado no país em breve poderá ser visto como a única opção realista, uma vez que não é razoável fugir para sempre do vírus. Eles acreditam que quando o mundo tiver de enfrentar uma possível segunda onda fatal da pandemia, a estratégia sueca poderá se mostrar eficaz, e o país terá deixado o pior para trás. Comentei sobre isso no Jornal da Manhã de hoje:
A turma do contra precisa estudar o conceito de integral e evitar a demagogia míope do curto prazo. Não basta, numa análise, mostrar que a Suécia teve até agora mais mortes por cada milhão de habitantes. No mais, repito: isolamento não é para evitar contágio para sempre, e sim para achatar a curva e ganhar tempo para construir leitos. O objetivo era não implodir o sistema de saúde. Esqueceram disso?
Pelo visto sim. Em parte por interesses políticos de quem enxerga na pandemia uma oportunidade de atacar Trump e Bolsonaro, em parte pelo pânico gerado numa era de hipersensibilidade. Theodore Dalrymple falou sobre isso num artigo publicado pela Gazeta do Povo. Eis um trecho:
"Foram feitos modelos matemáticos e previsões para todas essas doenças, prevendo a morte de milhões de pessoas. Nada disso aconteceu, exceto por uma epidemia de gripe que foi tão fatal quanto qualquer gripe normal."
Dalrymple acha que estamos histéricos demais, talvez porque vivemos numa época sem precedentes em termos de segurança. Ele, com 70 anos, nunca viveu guerras, opressão ou qualquer ameaça séria à sua saúde, provavelmente algo inédito na história humana. Ele lembra de casos passados para colocar a atual pandemia em contexto: "Em 1957, a gripe asiática teria matado até 2 milhões de pessoas, enquanto a gripe de Hong Kong de 1968 teria sido responsável por mais de um milhão de mortes, e ainda assim elas desapareceram completamente da memória coletiva, talvez sem jamais ter entrado nela".
O que acontece, então, com nossos "liberais" e "conservadores" que passaram a embarcar na histeria coletiva dos profetas do caos, destacando cada novo óbito - e há suspeita de exagero de notificação - como uma prova da necessidade de isolamento quase perpétuo? Sobre as suspeitas de casos considerados covid-19 sem comprovação, a própria Dr. Birx, da força-tarefa americana de combate à pandemia, teria estimado em 25% o exagero, e no Brasil temos até morte por atropelamento colocada na conta do vírus!
Quem for sair às ruas para pegar um saudável sol e reforçar com vitamina D o sistema imunológico deve tomar muito cuidado ao atravessar as ruas, olhar bem para os dois lados, pois pode vir um Coronavírus 2.0 turbo e te atropelar...
Quando algum país ou cidade relaxa parcialmente a prática de isolamento, a mídia urubu relata o aumento de casos de contágio como uma surpresa, como evidência do erro da decisão. Mas caramba! Isso é o esperado! Sabemos que com mais circulação haverá mais casos. Onde está a surpresa nisso?
Não deve estar nada fácil para os nossos "liberais" e "conservadores" ignorar gente como Ben Shapiro, Theodore Dalrymple, Matt Walsh, Dennis Prager, Candace Owens e tantos outros para cerrar fileira ao lado de Felipe Neto, Greta Thunberg, Atila alguma-coisa e Vera Magalhães. Vale tudo para derrubar o governo? Força, guerreiros!
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