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Rodrigo Constantino

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Um blog de um liberal sem medo de polêmica ou da patrulha da esquerda “politicamente correta”.

O que é o Bitcoin e o que o faz tão especial?

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Por Liberalismo Brazuca, publicado pelo Instituto Liberal

Alguns de vocês já perceberam que sou um entusiasta do Bitcoin. Como um seguidor de Hayek, da Escola Austríaca e da Escola de Chicago, creio que a inflação seja a pior coisa que possa acontecer para a economia. Acho maravilhoso que populações desgastadas por esse mal, como nossos vizinhos portenhos, possam ter uma ferramenta para escapar de ingerências estatais.

Recentemente, o Bitcoin voltou a ser o centro das atenções – graças ao Elon Musk que investiu 1,5 bilhão de dólares no ativo e suas recentes valorizações. Porém, percebo que muita gente ainda não entendeu o que é o Bitcoin e o que o faz tão especial. Assim, neste texto, pretendo trazer esta explicação.

Uma maneira de compreender o Bitcoin é compará-lo com o real brasileiro. Ele é similar à nossa moeda em alguns aspectos: ambos não têm valor intrínseco, ou seja, não possuem nenhum outro uso além de ser um meio de troca. Ambos são irredimíveis, o que significa que não são lastreados por algum ativo subjacente*. Vale lembrar que tradicionalmente as moedas eram lastreadas em ouro (vulgo padrão-ouro). E ambos são dinheiro de base digital (a quantidade de dinheiro em espécie no Brasil é relativamente baixa se comparada ao montante).

Porém, há dois pontos bastante importantes que os fazem ser diferentes. O real brasileiro é centralizado, sendo sua oferta controlada pelo Banco Central do Brasil. Já o Bitcoin é descentralizado, ou seja, não existe uma autoridade monetária que o controla. Além disso, a oferta de Bitcoin é limitada: nunca haverá mais de 21 milhões de Bitcoins, enquanto que para o real não existe esta limitação. Em outras palavras, o Banco Central pode criar quanta moeda quiser, algo inexistente no Bitcoin.

Outra grande diferença é a cerca da privacidade, algo trazido muito bem por Gustavo Franco na sua última entrevista no Roda Viva. As transações digitais utilizando o real ficam registradas pelos bancos e sujeitas à fiscalização do Banco Central e/ou da Receita Federal. Com o Bitcoin isto não acontece. Apesar das transações ficarem registradas na Blockchain, não é possível ligar sua conta no “sistema” ao seu CPF, ao contrário do que acontece no sistema monetário tradicional.

Mas o Bitcoin é apenas uma moeda ou é um ativo?

Muitas das notícias sobre o bitcoin envolvem pessoas ganhando ou perdendo muito dinheiro do dia para a noite devido à sua alta volatilidade. À princípio, ele é similar a uma ação na BM&F Bovespa.

Mas na verdade, o Bitcoin é os dois: uma moeda e um ativo. William Luther, professor da Florida Atlantic University, nos ajuda a entender: “Bitcoin é, antes de mais nada, uma moeda, mas todas as moedas são ativos” (talvez não o bolívar venezuelano ou o peso argentino, mas não vem ao caso agora). O economista explica que alguns ativos se apreciam e, por isso, algumas pessoas tendem a ver o Bitcoin como uma forma de investimento.

O preço do Bitcoin continuará a subir? Eu acredito que sim se (1) passar a ser utilizado mais como uma moeda propriamente dita e (2) os bancos centrais continuarem “imprimindo” dinheiro como se não houvesse amanhã – vide o plano de estímulo de 1,9 trilhão de dólares de Joe Biden. Atualmente, o Bitcoin é pouco utilizado como meio de troca, e isso pode afetar o seu desempenho no futuro.

Para finalizar, apesar das brincadeiras com Samy Dana – um crítico histórico do Bitcoin, gosto do trabalho dele e acho suas previsões muito boas. Mas não podemos perder a zoeira.

*Artigo publicado originalmente por Conrado Abreu na página Liberalismo Brazuca no Facebook.

*Teoricamente um dos lastros do real é o dólar americano que, por sua vez, não é lastreado em absolutamente nada.

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