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O que empresários e funcionários públicos precisam fazer para ganhar R$ 10 mil por mês
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Por João Cesar de Melo, publicado pelo Instituto Liberal

Tenho como hábito passar algumas horas por dia numa padaria, local onde consigo me concentrar na leitura. Na verdade, é uma mercearia com padaria, mercadinho e uma lanchonete que atende também como bar e restaurante. Abre às 6 horas e fecha às 23 horas. Todos os dias. As prateleiras estão sempre cheias de produtos, apesar de nem sempre ter movimento.

O que mais me chamava a atenção era a presença constante do dono. Nunca o vi parado, vendo o tempo passar. Sempre está arrumando alguma coisa, levando caixas de um lado para o outro, organizando prateleiras, recebendo fornecedores, checando estoques e a apresentação dos produtos. Já o vi passando pano no chão. Além de tudo isso, ainda se mostra atencioso com todos os fregueses, nem sempre gentis.

Uma das razões de minha militância liberal é o sentimento de gratidão por essas pessoas. Sempre reconheci o esforço delas para que desfrutemos de um mundo com tantos confortos. Eles assumem os riscos e as responsabilidades que a maioria das pessoas não tem coragem nem talento para assumir.

Mesmo ciente dos esforços que eles fazem, sempre me espanto quando escuto alguns números.

Outro dia, eu estava na fila do caixa quando escutei o dono da padaria dizendo para um amigo que era semana de pagar o aluguel de… Quinze mil reais! Fiquei chocado. Quem não ficaria?

Não me aguentei. Dias depois, chamei o dono para conversar. Soube, então, que ele paga salários e encargos a 32 funcionários. Trinta e dois!

Pedi licença para ir mais fundo com minha curiosidade e perguntei quanto lhe custam por mês energia, fornecedores e folha de pagamento. Quase caí para trás ao ouvir cento e cinquenta mil reais. “Às vezes menos, às vezes mais… depende do mês”, completou.

Lembrando-me de que quase todos os funcionários são mulheres, perguntei – em tom de brincadeira – se ele não tem medo de que meia dúzia delas engravide ao mesmo tempo. “Nem brinca com isso!”, respondeu.

Deixei para o final a pergunta mais importante: quanto ele e o sócio conseguem tirar de lucro por mês. “Quando tudo corre bem, dez mil cada um”. No começo, não ganhavam nada.

Ouço desde pequeno muitas pessoas falando contra o capitalismo, contra os empresários, etc. Acompanhei todos os atuais partidos e movimentos de esquerda crescendo apoiados nesse discurso. Estudei numa universidade federal, onde ouvi todo tipo de opinião anti-capitalista de pessoas que desfrutam de uma boa vida justamente por causa do capitalismo.

Nos últimos anos, acompanhamos as notícias vindas da Venezuela. Vemos com frequência nas universidades e nos grandes jornais elogios a “revoluções” comunistas. O discurso anti-capitalista é embutido sistematicamente nos programas de TV, no noticiário, nos filmes, na música e nas exposições de arte.

O próprio termo “empresários” é premeditadamente mal utilizado para que as pessoas visualizem apenas milionários explorando “trabalhadores” − empresários não trabalham, apenas lucram.

A verdade é que o termo empresário se refere a qualquer pessoa que assume um risco econômico para oferecer algum produto ou serviço a outras pessoas. Para cada empresário milionário, há dezenas de milhares de micro e pequenos empresários que fazem enormes sacrifícios para manterem seus negócios. São eles que, em conjunto, mais empregam pessoas. São eles que diversificam a economia, fazem circular o que é produzido pelos grandes empresários. Mas são eles também as maiores vítimas dos programas econômicos do governo, da burocracia, das leis trabalhistas, das regulações, dos fiscais e da ação de bandidos.

Diante disso, pergunto:

O que um funcionário público precisa fazer para ganhar dez mil reais por mês?

Quais riscos econômicos ele precisa assumir?

Qualquer empresário sabe que bastam pequenos erros para lhes causar grandes prejuízos. O lucro que almejam depende de uma série de decisões corretas. Não tem papo furado. Não tem divagações filosóficas. Ele precisa agradar seus clientes e saber administrar suas contas. Pode perder tudo por causa de uma única decisão mal tomada ou, simplesmente, por causa de alguma nova política do governo.

Por outro lado, temos os funcionários públicos.

O que lhes acontece quando fazem algo errado?

O que acontece a um “funça” de uma repartição qualquer se ele tratar mal um cidadão? Ou se ele errar o cálculo de alguma coisa? Ou se ele encaminhar um processo para o lugar errado? Ou se ele esquecer de algum procedimento?

Nada! No máximo, terá que refazer alguma coisa depois.

Cerca de 1/3 das disciplinas das universidades públicas são destinadas à discussão de ideias. A maioria delas, péssimas. No entanto, seus professores têm garantido um belo salário todo mês na conta.

Parlamentares podem aprovar qualquer decisão que dificulte o trabalho das pessoas sem correrem o risco de perderem seus super salários.

Funcionários públicos têm renda garantida para o resto de suas vidas apenas porque foram aprovados num processo seletivo que se resume a uma prova.

Dilma empurrou o país para a maior recessão da história, o que fez milhões de pessoas perderem seus empregos ou negócios. A despeito disso, em 2018 o governo gastou mais de R$ 630 mil para manter sua vida de rainha.

Como um país pode dar certo desse jeito?

Como um país pode se desenvolver destinando quase toda a sua receita para pagar seus funcionários e os privilégios e as aposentadorias deles?

Não é nenhum exagero dizer que os brasileiros são escravos do funcionalismo público e da classe política. Trabalhamos sob o risco constante de perdermos tudo para que eles desfrutem de segurança financeira vitalícia.

A “diminuição do estado” tão defendida pelos liberais não é um mero fetiche ideológico. É um esforço pela justiça. O Brasil só andará para frente quando as pessoas que realmente o sustentam forem devidamente valorizadas.

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