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Jornalista no Brasil pode ser xingado, perseguido, censurado ou até preso, desde que seja independente. Se for um militante disfarçado de jornalista, porém, terá toda a proteção do sistema. Se trabalhar naquela emissora que faz propaganda diária do governo e aplaude o arbítrio supremo, então, terá a blindagem dos próprios ministros!
O jornalista David Ágape, do time independente, comentou sobre o caso mais recente e bizarro: "Um policial civil ousou mexer com a jornalista Natuza Neri, uma das porta-vozes do Regime. Uma confusão em um supermercado já mobilizou o ministro decano do STF, Gilmar Mendes, e o advogado-geral da União, Jorge Bessias. Enquanto isso, jornalistas continuam presos ou exilados, mas para o sistema, isso é irrelevante. O objetivo sempre foi claro: proteger os aliados e esmagar quem se atreve a contrariá-los".
Se for um militante disfarçado de jornalista, porém, terá toda a proteção do sistema
A postagem surreal do ministro supremo foi a seguinte: "O ataque sofrido por Natuza Nery, em razão do simples exercício diário de seu ofício, exige pronta resposta do poder público, em especial dos órgãos de persecução penal". Ele acrescentou: "É de nossa manutenção na pauta civilizatória que estamos a tratar. As democracias dependem do jornalismo profissional; sem ele, não há liberdade de informação e, por conseguinte, liberdade de expressão".
Gilmar Mendes, não custa lembrar, é o mesmo que deu uma resposta um tanto atravessada a um jornalista no passado, quando disse: "Enfia essa pergunta na bunda". O repórter havia questionado quem foi o responsável por custear as despesas de passagem aérea do ministro para Portugal, onde passa bastante tempo.
O deputado Mario Frias também comentou sobre o caso: "Vivemos num país em que o mero bate-boca num mercado é tratado como ataque e exige pronta resposta do nosso querido estado policial, com direito a manifestação com julgamento sumário de ministro da mais alta corte do país. É ou não uma maravilha viver nessa primorosa democracia? Como eu costumo dizer, garantismo penal é luxo que apenas traficante, estuprador, ladrão e assassino possuem. Que fique o aviso, ninguém incomode um dos agentes de propaganda do regime".
O estado policialesco já avançou muito no Brasil, mas esse tipo de abuso produz reação. Os ministros do STF, por exemplo, precisam gastar fortunas com seguranças e só usam avião da FAB para evitar qualquer contato com o povo, que supostamente estão protegendo. Quando vão a um restaurante, costumam ser alvos de hostilização, assim como acontece com os militantes disfarçados de jornalistas que defendem o indefensável regime.
É isso que eles querem evitar a todo custo. E, para tanto, precisam intimidar quem ainda ousa desafiá-los, quem tem coragem de se manifestar apesar de tudo. É por isso que vão tentar destruir esse policial, para servir de aviso. Todo regime totalitário faz isso, pois não pode tolerar qualquer crítica, tratada como "ataque".
O STF, porém, perdeu qualquer credibilidade, assim como a emissora "oficial" do regime. O povo pode até se sentir intimidado e acuado, e escolher se calar por prudência. Mas os ministros supremos e seus militantes adestrados jamais terão o respeito da população. Afinal, respeito legítimo não se obtém sob a mira de uma arma...
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