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O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, acredita que o presidente dos EUA, Donald Trump, foi influenciado pelo cenário pré-eleitoral norte-americano ao anunciar a volta da taxação à importação de aço e alumínio do Brasil.

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“Temos um cenário pré-eleitoral nos Estados Unidos, pensando daqui a um ano nas eleições. O governo Trump tem sido muito intenso na sua defesa de interesses do seu mercado – e nós, também, cada um à sua maneira. Claro que sempre tem a ver com a situação doméstica. Nós queremos entender e ver qual é esse contexto”, afirmou Araújo em entrevista exclusiva à Gazeta do Povo, nesta segunda-feira.

O ministro está certo. Tanto que Trump resolveu atirar em Macron também. Trump disse nesta segunda-feira que seu país vai tarifar os vinhos da França e "todo o resto" em razão do Imposto sobre Serviços Digitais do país europeu. O governo americano já havia ameaçado impor tarifas de até 100% a US$ 2,4 bilhões em importações de produtos franceses por causa do imposto. Segundo relatório do Escritório do Representante Comercial dos EUA (USTR, na sigla em inglês), o imposto francês discrimina empresas digitais americanas como Google, Apple, Facebook e Amazon.

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Trump, que falou durante coletiva de imprensa em Londres, onde participará de reunião da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), disse que não vai permitir que a França "tire vantagem" de empresas americanas. Ele também voltou a acusar a União Europeia de tratar os EUA "de forma muito injusta" no que diz respeito ao comércio.

O ministro das Finanças da França, Bruno Le Maire, disse que as ameaças tarifárias dos EUA não são o que se espera de um aliado e que a União Europeia está pronta para retaliar se sobretaxas entrarem em vigor. O editorial do Estadão cobrou uma reação mais enérgica de Bolsonaro também, já que o presidente, pego de surpresa, falou apenas que tinha um "canal aberto" com Trump e que conversaria com ele:

É difícil dizer se a passividade de Jair Bolsonaro diante de uma evidente agressão reflete seu despreparo, uma espantosa ingenuidade ou incompreensão do que se passa no cenário internacional. Ou será uma mistura de tudo isso?

Mas não acho que bancar o "macho man" seja a resposta adequada. Ameaçar com retaliação é instigar uma guerra comercial em que todos perdem. Se o governo do outro país sobe tarifas para nossos produtos, ele dá um tiro no pé, prejudicando seus consumidores para ajudar produtores influentes. Retaliar significa dar um tiro no nosso pé como resposta, afetando negativamente nossos consumidores. Serve para aplacar os ânimos nacionalistas, não para criar riqueza.

No mais, é crucial ter em mente o contexto: Trump está jogando para sua plateia, de olho na reeleição ano que vem. Ele só pensa nisso. E nem deveria estar tão preocupado assim. Afinal, o Partido Republicano está bastante unido, graças ao erro estratégico dos democratas de apostar num impeachment sem fundamento. A economia cresce bem e o nível de desemprego está em patamares mínimos históricos. E os democratas se implodem por conta própria.

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Bernie Sanders é uma espécie de PSOL, radical demais. Elizabeth Warren foi para o extremo também, com seu projeto socialista de saúde, que custaria mais de $30 trilhões! Joe Biden anda cada vez mais "creepy", falando do pelo de suas pernas e de como gosta de crianças pulando em seu colo, uma fala sem nexo, com cores de pedofilia, que se tivesse saído de Trump seria destaque na mídia a semana inteira, mas como se trata do ex-vice de Obama, os jornalistas olham para o outro lado.

A fala é tão bizarra, tão desconexa, que se alguém do Saturday Night Live aparecesse com um esquete desses para ridicularizar o candidato seria vetado pela produção, por ser irreal demais. No entanto, aconteceu, e a mídia prefere ignorar.

Resta a esperança de Michael Bloomberg aos democratas. O magnata está quieto, pois sabe que se entrar agora na corrida vai apanhar de todo lado, e tendo sido um prefeito republicano, que autorizou ações policiais firmes, sabe que isso pega mal no ambiente amalucado da esquerda. Sua expectativa é a de que todos apodreçam por conta própria e ele surja como única opção.

Mas Trump já sentiu o cheiro de ameaça no ar e partiu para o ataque. Alfinetou a decisão da Bloomberg de não investigar candidatos democratas, só Trump:

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Ou seja, a eleição começou, e Trump só pensa naquilo. Daí o figurino protecionista voltar com tudo agora. É preciso ter cautela e saber jogar esse jogo com pragmatismo e inteligência, usando mais o cérebro do que o fígado. Os que pedem uma resposta mais dura de Bolsonaro estão avaliando mal o cenário, em minha opinião.