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Antifa significa "anti-fascismo", mas é o grupo mais parecido com o fascismo nos Estados Unidos hoje. Para combater o suposto fascismo que enxergam por todo lado, principalmente no governo Trump, a turma não se importa de lançar mão dos mesmos métodos fascistas, com intimidação, violência e gente mascarada quebrando tudo para impedir palestra de conservador.
De forma mais branda e velada, mas não menos perigosa, há um esforço de "resistência ao fascismo" no establishment americano. Aquilo que ficou conhecido como "deep state" luta contra Trump desde antes do começo de seu governo. Estavam todos os envolvidos convencidos de que Trump só venceu com o conluio com os russos, e que representava a maior ameaça à democracia no país.
Imbuídos dessa visão, partiram, de mãos dadas à mídia, para uma campanha de destruição de Trump. O conluio com os russos seria logo comprovado, e o presidente sofreria impeachment. Durante mais de dois anos a imprensa martelou sobre esse suposto esquema, e milhões foram gastos na investigação. Primeiro, o veredito, depois a busca pelas provas ou evidências.
No processo, um nome surgiu como "testemunha" principal: o general Michael Flynn. Próximo de Trump, ex-democrata e com ligações próximas com agentes russos, Flynn tinha que ser a peça-chave desse quebra-cabeça. Não era preciso encontrar suspeitas antes, pois a conclusão já estava tomada. O FBI, sob o comando de James Comey, partiu então para investigações e um esforço tremendo para ou obter Flynn como "delator" do suposto esquema, ou incrimina-lo para se chegar até o "chefe".
Como Flynn alegou culpa por ter mentido para os investigadores, ao negar conversa com diplomata russo, tudo isso acendeu mais luz de alerta ainda. O problema é que sua mentira confessada não tinha qualquer elo com eventual prova material sobre o conluio. Flynn mentiu sobre conversa com russos, mas a conversa em si não tinha nada de ilegal. Conversas entre alguém cotado para assumir um cargo de liderança na Inteligência e diplomatas de outros países são a coisa mais natural do mundo, ainda mais logo após sanções impostas pelo governo americano ao país em questão.
Para dar algum peso maior a essa mentira, e desesperados por não encontrarem nada relevante nas investigações, os agentes do FBI apelaram para uma relíquia chamada Logan Act, uma lei sem qualquer uso há pelo menos um século. Trata-se de uma lei federal dos Estados Unidos que criminaliza a negociação por cidadãos americanos não autorizados com governos estrangeiros tendo uma disputa com os Estados Unidos. A intenção por trás da lei é impedir que negociações não autorizadas comprometam a posição do governo. Mas não havia qualquer negociação!
Pois bem: Comey usou essa lei esquecida para pressionar Flynn, sendo que não havia absolutamente nada de anormal ou mesmo suspeito no fato de o general manter conversas com os russos. Mas foi o último ato desesperado de um diretor politizado, que estava "certo" do conluio e que queria pegar Trump. Há indícios de que Obama estava ciente de tudo isso, e é aí que a coisa começa a feder mais. Comey já está totalmente queimado, mas agora a "conspiração do bem" se aproxima do ex-presidente querido pela mídia.
Após anos de investigação, mais de 2 mil intimações feitas, 500 testemunhas ouvidas, 19 advogados contratados, 40 agentes de segurança do FBI ouvidos e US$ 35 milhões gastos, o Departamento de Justiça abandonou esta semana o caso envolvendo Flynn, por falta de provas. Não há, enfim, qualquer evidência empírica de conluio, e os holofotes se voltam contra os investigadores agora, e sua motivação política.
As transcrições do relatório de Robert Mueller, que foram divulgadas pelo presidente do Comitê de Inteligência da Câmara, Adam Schiff, revelaram que as principais autoridades de Obama foram questionadas sobre se tinham ou tinham visto evidências de tal conluio, coordenação ou conspiração com os russos, a questão que levou ao caso inicial do FBI. Eles disseram que não. Agora William Barr, procurador-geral, deve ir com tudo para cima desse caso.
Trump comemorou, com razão, em suas redes sociais, alegando que Obama "foi pego" e ajudando a espalhar a hashtag #Obamagate, que atingiu o topo de tendência do Twitter. Se é mesmo um batom na cueca do ex-presidente, que teria usado companheiros do "deep state" para perseguir politicamente o presidente eleito, ainda não se sabe. Mas a história toda não pega nada bem para Obama e para seus amigos da imprensa.
E reacende o debate sobre os limites da "resistência ao fascismo". Como mostra Kimberley Strassell, do board do WSJ, essa turma acaba produzindo um estrago bem maior nas instituições republicanas do que qualquer arroubo autoritário do presidente. Como estão todos convencidos a priori de que Trump é um perigo, os "fins nobres" justificam quaisquer meios, e eis que usar o FBI como instrumento político passa a parecer algo aceitável. Imagina se fosse Trump fazendo o mesmo!
Muita pedra ainda vai rolar nesse caso. Mas agora o alvo das investigações mudou: não é mais Flynn, nem mesmo Trump, mas os companheiros democratas que acharam razoável, sem qualquer evidência, mobilizar todo o aparato estatal para destruir o presidente eleito.