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Quem tem mais de 40 lembra bem daquele bicho fofo, o Gizmo. Só tinha um problema: ele não podia ser alimentado depois de meia-noite. Se, por descuido, isso acontecesse, aí era o caos! Do bichinho bonitinho saíam várias bolinhas de pelo, que se transformavam em terríveis monstros, os Gremlins. Os "progressistas" deram comida em hora inadequada aos seus bichinhos de estimação.
Falo da "cultura de cancelamento", que não é novidade, mas que vem ganhando bastante tração recentemente. A esquerda "progressista" achou que podia criar corvos, que estava tudo bem acenar para as "minorias" e bancar a elite culpada. Da política de identidades chegamos às dezenas de gêneros e ao vitimismo com "interseccionalidade".
Um ranking para ver quem era mais vítima foi criado. Funciona assim: se você é gay, você ganha pontos. Mas se é homem branco gay, ainda é um tanto "opressor". Se for mulher, melhor. Se for mulher negra, muito melhor! Agora, se for "mulher" negra trans, aí você manda no pedaço. É a ditadura do politicamente correto da turma "woke".
O problema é que os "progressistas" acharam que era possível controlar o fenômeno. Alimentaram essa disputa de vitimização, segregaram todos com base na visão marxista de "luta de classes", dividindo a sociedade entre opressores e oprimidos, e não esperavam que seus "filhotes" se voltariam contra seus "criadores". Bobinhos!
Claro que a coisa saiu de controle. Hoje, todos são "cancelados", perdem empregos, precisam se humilhar em praça pública diante dos "anjinhos". Já usou "black face" há 30 anos? Então pode se ajoelhar no milho e pedir perdão! Contou alguma piada de gay na adolescência? Então pede para sair logo do emprego!
Entre estátuas derrubadas e vários "cancelamentos" em redes sociais, os "progressistas" ficaram assustados. Então quer dizer que EU, sempre tão zeloso ao sinalizar minhas "virtudes" politicamente corretas, também posso ser alvo da turba?! Exatamente, meu caro idiota!
A marca da turba é não ter limites, não ficar jamais saciada com sangue. Ao contrário: quanto mais recebe de afago das elites, mais demanda em troca. Deram os anéis para preservar os dedos, e vão perder a mão toda, quiçá o braço! A horda "woke" quer mais, muito mais! E ninguém escapa dela, pois alguém sempre será mais "oprimido" na escala de vitimização.
Preocupados, vários intelectuais associados à esquerda escreveram uma carta em defesa do debate aberto. Mas a carta tem cheiro "tucano", ou seja, como é escrita por "progressistas" em geral, o aceno aos bárbaros é evidente. Eis o que diz logo no começo:
As forças do iliberalismo estão ganhando tração em todo o mundo e têm um poderoso aliado em Donald Trump, que representa uma ameaça real à democracia. Mas a resistência não deve se endurecer em seu próprio tipo de dogma ou coerção - que os demagogos da direita já estão explorando. A inclusão democrática que desejamos só pode ser alcançada se falarmos contra o clima intolerante que se instalou por todos os lados.
Entenderam? O problema é... Trump! Ele é a grande ameaça à democracia! Não os antifas, o Black Lives Matter, a mídia torcedora, a horda "woke". Se ao menos essa turma pegasse um pouco mais leve nos métodos... fascistoides, aí tudo seria tão maravilhoso!
Os autores concluem:
Como escritores, precisamos de uma cultura que nos deixe espaço para experimentação, risco e até erros. Precisamos preservar a possibilidade de desacordo de boa-fé sem terríveis conseqüências profissionais. Se não defendermos exatamente aquilo de que depende nosso trabalho, não devemos esperar que o público ou o estado o defenda por nós.
Exato! Perfeito! Mas fica a pergunta: quem está de fato impedindo o debate, calando adversários, tratados como inimigos mortais? Quem está asfixiando a liberdade de expressão nas universidades, nas redes sociais? Trump? Não! O presidente é vítima dessa turma! O debate vem sendo interrompido justamente pela esquerda radical, pela cultura do cancelamento que vem da turba politicamente correta!
Chrissie Hynde, líder da banda Pretenders, deu uma entrevista ao Globo onde desabafa: "Eu sou um outdoor do feminismo, mas agora elas me odeiam". Pois é: eis o destino de toda feminista que não se curvar diante das exigências das mais extremistas do movimento hoje, que odeiam os homens mais do que amam as mulheres.
Parêntese: logo no começo da entrevista, a cantora interrompeu o entrevistador, pois esse já trouxe de cara a conversa para a política, tentando fazê-la criticar Trump e Bolsonaro, o que ela rejeitou:
É impossível ouvir “Hate for sale” e não pensar na situação política de países como EUA e Brasil…
Não tem nada de político ali. É só um tributo ao (grupo pioneiro do punk inglês) Damned, porque a música soa como eles. Fiz apenas um estereótipo, um comentário sobre o momento que estamos vivendo, mas não penso neles (Donald Trump e Bolsonaro). Pensaria se eles fizessem o trabalho deles. Esta entrevista está saindo do rumo.
Pois é, mas sabemos muito bem qual rumo o entrevistador desejava tomar, ainda mais sendo do Globo. Mas fecho o parêntese para retornar à cultura do cancelamento. Eis o que diz Hynde:
A cultura do cancelamento está no centro dos debates agora. Você se sente policiada ao expressar suas opiniões?
Muitos amigos atores e músicos estão bastante nervosos de dizer qualquer coisa. Se você usa um termo errado, diz uma palavra que ofende alguém, isso deixa todo mundo agitado. Mas você também tem que se sentir livre para se expressar. Ao mesmo tempo, parece que devemos opinar sobre tudo. Só não falo de política porque acho muito chato, de verdade. Já a cultura do cancelamento é o assunto mais importante hoje, fora a pandemia. Ninguém mais pode ter opinião, todos são julgados o tempo todo.
"Ninguém mais pode ter opinião, todos são julgados o tempo todo". Exato. E quem criou esse ambiente pesado, carregado, totalitário, asfixiante? Dica: não foi Trump, tampouco Bolsonaro. Foi a esquerda! Foram os "progressistas". Mas eles acharam que o monstro nunca se voltaria contra eles. Ledo engano! Os Gremlins não obedecem seus "donos". Eles são baderneiros anarquistas, são destruidores por excelência, são profetas do caos!
A única chance de resgate da liberdade e da ordem é "cancelar" justamente os Gremlins, ou seja, é todo mundo com algum juízo e bom senso entender que o alvo deve ser a turma "woke", esses ingratos e mimados que bancam as vítimas enquanto desfrutam das benesses da época mais próspera e livre já existente!