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Em sua coluna de hoje, Cora Rónai desabafa sobre a alta absurda na conta de luz, reconhecendo que foram poucas as vozes que alertaram para isso lá atrás, quando a presidente Dilma anunciava a redução tarifária na marra com muita fanfarra e celeuma na televisão. Diz ela:

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Faz três anos já, mas na minha memória parecia ontem: a “presidenta” cortava 18% da tarifa de luz para as residências, e até 32% para as indústrias. Algumas vozes aqui e ali ainda avisaram que não era bem assim que as coisas funcionavam, e que o custo daqueles cortes seria cobrado mais adiante; mas essas vozes dissonantes foram descartadas do coro geral de aplausos como aves de mau agouro, criaturas pessimistas e de má-fé que insistiam em não acreditar na competência do governo.

— O Brasil vai ter energia cada vez melhor e mais barata — discursou a “presidenta”. — Isso significa que o Brasil tem e terá energia mais que suficiente para o presente e o futuro, sem nenhum risco de racionamento ou de qualquer tipo de estrangulamento no curto, no médio ou no longo prazo.

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E concluiu:

— Por termos vencido o pessimismo e os pessimistas, estamos vivendo um dos melhores momentos da nossa história.

Os “melhores momentos” duraram pouco, apenas o tempo necessário para uma reeleição.

[…]

Em um ano — apenas um ano — a minha conta de luz teve um aumento de 290%.

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Pois é. Como dizem, o tempo é amigo da razão. Fui uma dessas vozes “pessimistas” (realistas?) que, graças ao conhecimento de economia, sabia que o populismo tarifário daria errado, muito errado. Escrevi vários textos sobre o assunto, assim que o anúncio da queda artificial das tarifas foi feito. Artigos como esse, em que disse:

As tarifas foram reduzidas na marra, com grande escarcéu em rede nacional de forma bem populista. Era o governo “ajudando” o povo, os consumidores. O setor ficou todo desorganizado, os investimentos recuaram, e agora vivemos o risco de novos apagões e racionamento. O governo prefere fechar os olhos e fingir que o problema não existe. Afinal, é ano eleitoral.

Para evitar que o custo de operação das térmicas seja repassado aos consumidores, o Tesouro terá de arcar com gastos da ordem de R$ 18 bilhões em 2014. O cobertor é curto. O governo tira de um lado e coloca do outro, e acaba gerando enorme confusão no processo. Mas quem paga a conta somos sempre nós.

[…]

Deu nisso. O setor de energia, hoje visivelmente em crise, era a “especialidade” de Dilma, não vamos esquecer. Foi ali que ela fez a fama de “gerentona eficiente”, uma fama que não coaduna com os fatos. O setor começou a ser destruído em sua gestão ministerial, e agora paga o preço por novas medidas intervencionistas já como presidente.

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Estamos vendo, sim, a argentinização do setor elétrico brasileiro, para não falar nada da destruição da Petrobras. Como este era “a menina dos olhos” para Dilma, podemos concluir que essa é sua visão para a economia brasileira como um todo. O setor elétrico é uma espécie de balão de ensaio para o país como um todo. Sendo assim, só resta uma coisa a dizer: socorro!!!

Não reproduzo isso para me gabar por ter acertado, até porque para quem sabe alguma coisa de economia era um tanto óbvio que as medidas dariam errado. Só quem foi (de)formado pela Unicamp mesmo é que poderia celebrar algo tão irracional. Mostro que os alertas foram feitos mesmo, corroborando o texto de Cora Rónai, para lembrar de uma lição muito importante: durante as fases iniciais de oba-oba e ilusão das políticas populistas, a maioria está dançando embaixo de um vulcão em atividade, e os poucos que enxergam a catástrofe que se avizinha são normalmente tratados com desdém, com desprezo, como se fossem “Pessimildos” que torcem para o pior.

Nada mais falso. O verdadeiro patriota, o verdadeiro amigo do povo, é aquele que se esforça para impedir a enorme ressaca de amanhã, quando o sujeito só pensa em tomar mais uma dose para perpetuar a euforia artificial do momento. Quem avisa, amigo é. E essa lição nunca foi tão importante, pois diante de todo o estrago que os “desenvolvimentistas” causaram em nossas vidas, a “solução mágica” que eles estão propondo é mais do mesmo, mais veneno: crédito público para estimular o consumo e a demanda. Acabaram de anunciar R$ 83 bilhões em crédito novo!

O “pessimista” aqui alerta uma vez mais: não existe a menor, a mais singela possibilidade de tamanha estupidez funcionar. Mas você é livre, claro, para aceitar mais uma dose dos populistas que se dizem “amigo do povo”…

PS: Poderia oferecer o meu curso básico de economia para Dilma, Belluzzo e companhia, como ofereci ao deputado Jair Bolsonaro, que já aceitou. Mas sei que não iria adiantar no caso dessa gente, ao contrário do “mito”. O motivo é simples: quando não estamos diante de um caso de completa incapacidade cognitiva, como da própria presidente, estamos diante de um caso de ausência total de honestidade intelectual. Essa turma não abandonaria o “desenvolvimentismo” nem mesmo se a economia estivesse em frangalhos e absolutamente destruída com suas medidas… Ops!

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Rodrigo Constantino