"Stálin não foi a reencarnação de Lúcifer, diz historiador que influenciou Caetano Veloso". Essa era a manchete na Folha de SP no fim da semana passada. O subtítulo dizia: "Jones Manoel vê aspectos positivos no regime soviético e prevê nova onda marxista mundial".
A declaração de Caetano Veloso, de que Jones era uma espécie de guru para ele, feita ao programa “Conversa com Bial”, jogou holofotes sobre Manoel, militante do PCB, youtuber, e autor de livros sobre marxismo. É como se convidassem um historiador nazista para declarar que Hitler não foi o demônio em pessoa, e tinha seus aspectos positivos. Podemos apenas imaginar a reação se algo assim efetivamente fosse publicado a sério.
Já uma reportagem no UOL, também da Folha, publicada no fim de semana dizia: "Brasil esvazia estoques de alimentos e perde ferramenta para segurar preços". Logo no começo, eis o a pérola que encontramos: "Para economistas ouvidos por UOL, a situação reflete uma política liberal dos últimos governos, que deixa os preços dos produtos à mercê da oferta e da procura do mercado e da oscilação no valor do dólar, sem interferência do Estado". Podemos apenas imaginar onde o UOL foi buscar tais economistas. Talvez no mesmo lugar em que se DEformaram os economistas responsáveis pela Nova Matriz Macroeconômica do governo petista, que destruiu o Brasil e produziu milhões de desempregados.
Temos algo como 40 séculos de estudos sobre as desgraças causadas pelo controle estatal de preços, mas certos economistas se recusam a compreender a lição. Querem, tal como alquimistas, driblar as leis da natureza, ignorar a oferta e a demanda, e definir um preço arbitrário impunimente, transformando chumbo em ouro num passe de magia. A Gosplan, da União Soviética, precisava controlar milhões de preços, e usava economistas tarimbados para tal missão insana e utópica. O resultado era a falta de papel higiênico nas prateleiras, e filas infindáveis para acesso a comida racionada.
A Venezuela, mais recentemente, mostrou que o socialismo do século XXI é igual ao do século XX, e ainda não foi capaz de refutar as leis econômicas. O resultado foi aquele previsto pelos liberais e conservadores, enquanto a esquerda tecia elogios calorosos a Chávez e depois fazia vista grossa aos abusos de Maduro. Até a ONU, com atraso de mais de uma década, reconhece a tortura do regime ditatorial venezuelano, enquanto os "humanistas" se calam, mais preocupados com a "ameaça" à democracia brasileira com o governo Bolsonaro.
Em 1956, Kruschev denunciou os crimes de Stalin. Caetano e seu "guru", portanto, estão décadas atrasados. E vale notar que Kruschev denunciava Stalin como bode expiatório, para poupar o stalinismo, ou seja, era mais fácil culpar um tirano por todos os abusos que eram, no fundo, resultado inevitável do sistema adotado ainda por Lenin.
No filme "Adeus, Lenin", uma senhora acorda do coma quando a Cortina de Ferro não existe mais, e seus filhos, preocupados com o impacto da realidade na velha comunista, fazem de tudo para ela não perceber as enormes mudanças. Ao ler essas reportagens, senti-me de volta aos anos da Guerra Fria, como se os comunistas não tivessem mergulhado no caos e, por isso, chutados do poder e até proibidos de formar partidos em alguns países do Leste Europeu. Cachorro mordido por cobra tem medo de linguiça.
Mas Caetano e companhia não acompanharam o progresso. Não viram o discurso de Kruschev. Não souberam da queda do Muro de Berlim em 1989, tampouco da implosão do império soviético em 1992. São reacionários socialistas que afetam ar de rebeldia fora de moda, fora de época. Adeus, Stalin! Já foi tarde demais!
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