Por João Cesar de Melo, publicado pelo Instituto Liberal
O faniquito da semana é sobre a Amazônia. A esquerda diz que Jair Bolsonaro a está destruindo. O PT chegou ao ponto de dizer que o céu escureceu mais cedo em São Paulo, dois dias atrás, por causa da devastação da Amazônia promovida por ele.
A esquerda também reclama da perda de financiamento estrangeiro de ONGs que atuam na região.
Antes de tratarmos do tema do original do texto, consideremos algumas coisas:
1 – O desmatamento explodiu durante o governo de Dilma, mas não houve nenhum faniquito da esquerda.
2 – O que o atual governo quer é saber ao certo o que acontece na região, já que as fontes de dados divergem entre si e ainda há grande viés ideológico na interpretação e divulgação dos números.
Minha mãe escutava na década de 1960 que não restaria uma única árvore na Amazônia no ano 2000. Eu escuto desde sempre que a Amazônia estará destruída na década seguinte. Dez anos atrás, diziam que não haveria mais gelo no Ártico.
A realidade é que não dá para se confiar em nada do que os principais organismos ambientais dizem. Ao que parece, há muito mais histeria do que fatos. As imagens dos buracos de mineração na Amazônia contrastam com o que se vê pela janela dos aviões, quando sobrevoamos a região – vemos, apenas, florestas e mais florestas.
3 – Devemos enxergar as reais intenções das ONGs e governos estrangeiros com a Amazônia. Eles não estão preocupados nem com a floresta, nem com os índios. Preocupam-se apenas com os recursos minerais existentes no subsolo. Quanto mais “preservada” for a Amazônia, mais as mineradoras estrangeiras lucrarão com o que extraem na África, no Canadá, na Escandinávia, na Austrália, no Chile, nos Estados Unidos e noutros países. Sob o pretexto de “preservação”, grandes empresas estrangeiras podem influenciar a aprovação de leis que destinam aquela região aos “interesses da humanidade”, não aos dos brasileiros. Feito isso, quando acabarem os recursos minerais no resto do mundo, não será o governo brasileiro que decidirá o que fazer com a Amazônia, mas alguma organização internacional.
Tendo esses fatos na cabeça, vamos ao tema original: Sim! É preciso privatizar a Amazônia para preservá-la!
Onde se concentram os desmatamentos ilegais? Nas áreas da “União”. Alguém já ouviu falar de desmatamento nas reservas florestais que a Vale mantém ao redor de suas minas? Não.
Os liberais falam sobre isso há duzentos anos: toda restrição de mercado legal gera mercados ilegais e muitas vezes violentos, com danos muitos maiores do que aqueles que a restrição pretende combater – vide a proibição da produção e do comércio de drogas.
Isso nos leva a um fato: o principal vetor de desmatamento ilegal na Amazônia é o governo, que limita ou proíbe que a região seja explorada comercialmente.
A única forma de realmente preservar a floresta é abrindo a Amazônia para a mineração privada. Ao contrário do que a esquerda tenta nos fazer crer, a mineração não é uma arma de devastação em massa. Ela é focada em determinadas áreas. Um ótimo exemplo disso é a região de Carajás, no Pará, onde a área de extração ocupa uma mínima fração da floresta preservada ao redor. O desenvolvimento da mineração na Amazônia melhoraria a vida de milhares de pequenos povoados. Geraria empregos. Escolas melhores teriam de ser construídas para formar novos profissionais.
Para possibilitar o transporte de equipamentos, estradas e aeroportos teriam de ser construídos. E como se fosse pouco desenvolvimento, a legalidade desse negócio inviabilizaria os garimpos clandestinos, que são a grande causa da violência naquela região.
Os povos amazônicos não podem ser mantidos para sempre isolados do mundo. Eles têm o direito à prosperidade, à modernidade. É uma visão extremamente burguesa e egoísta idealizar a vida deles como paradisíaca e autossustentável. O fato é que a quase totalidade dos moradores daquela região é privada de muitos confortos que são comuns para nós, sob as “chaminés do desenvolvimento”. Por que só nós merecemos isso?
Os desastres de Mariana e Brumadinho foram causados por um conjunto de erros e displicências tanto das empresas quanto do governo de Minas Gerais − do PT, é sempre bom lembrar. Dizer que essas tragédias justificam a proibição da mineração na Amazônia é a mesma coisa que dizer que os acidentes de trânsito provocados por alguns motoristas justificam a proibição da fabricação de automóveis.
Fui criado em Vitória e Vila Velha, no Espírito Santo. Passei a vida toda vendo a varanda do apartamento de minha mãe suja com o minério da Companhia Siderúrgica Tubarão. Realmente, é um grande transtorno para muita gente, mas foi a construção da CST, durante a década de 1970, que impulsionou o desenvolvimento de todo o estado. Com toda certeza, os benefícios para a região foram muito maiores do que os prejuízos. Num primeiro momento, quase tudo girava em torno da siderúrgica. Duas décadas depois, a economia capixaba já estava bastante diversificada.
Insisto: apenas a privatização da Amazônia pode preservar suas florestas. Desejo que o governo abra a região para as maiores mineradoras do mundo, para que elas possam transformar o que sequer podemos ver em capital financeiro, criando uma cascata de benefícios e distribuição de renda. Contratos podem garantir que tais empresas promovam contrapartidas ambientais, sociais e de infraestrutura, como já acontece em alguns casos.
Enquanto a Amazônia for tratada como um imenso zoológico, os seres humanos que lá vivem continuarão subjugados a todo tipo de violência e a floresta continuará a ser derrubada indiscriminadamente.
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