Paradoxos econômicos da esquerda

A esquerda sempre acusou os "neoliberais" de defenderem os interesses das elites, dos banqueiros e dos rentistas. Até o impeachment de Dilma era um "golpe" das elites para proteger esses rentistas, os ricos que vivem de aplicar suas poupanças a altas taxas de retorno sem muito esforço.

Ciro Gomes disse ontem no Pânico que Paulo Guedes é o ministro dos rentistas, dos banqueiros. Mas a taxa de juros nunca esteve tão baixa, e vai cair mais. Pode chegar a 4% ao ano! E o lucro dos bancos, que tinha aumentado muito durante a era petista, aumentou ainda mais. Que paradoxo, não?!

Então quer dizer que os bancos ganham altos retornos mesmo com a taxa de juros reduzida? Então quer dizer que as reformas liberais derrubam a taxa de juros, o que pode significar inclusive a "eutanásia do rentismo"? As pessoas vão ter de correr mais riscos, fazer investimentos produtivos, comprar ações em vez de emprestar para o governo e ir para a praia, ganhando enormes taxas reais de retorno assim?

O que isso mostra é que o liberalismo favorece empreendedores do setor real, enquanto o esquerdismo sim, ajuda os "amigos do rei", os rentistas e os industriais com boa conexão política. Basta pensar nos subsídios do BNDES, na seleção dos "campeões nacionais", tudo isso feito na era petista. Hoje o ministro liberal vem desfazendo tais mamatas e obrigando empresários a buscar mais eficiência para competir no mercado, sem muleta estatal.

Por falar em indústria... a taxa de câmbio está em torno de R$ 4, patamar que os desenvolvimentistas consideravam ideal e suficiente para deslanchar a indústria nacional. Mas esta segue em ritmo lento de recuperação, muito aquém de outros setores. Desvalorizar moeda não é uma panaceia, afinal? É preciso seguir com reformas estruturais para reduzir o custo Brasil, então, como sempre defenderam os liberais? Quanto paradoxo para a esquerda...

O resumo da ópera é o seguinte: a esquerda desenvolvimentista beneficia aqueles empresários grandes, estabelecidos e com influência política, à custa de todos os outros, e gera com suas políticas populistas e insustentáveis aumento dos juros, o que ajuda o rentismo; já o liberalismo favorece quem quer produzir riqueza, quem é mais eficiente, competitivo, e toma riscos no setor real, em vez de contar com elevado retorno só "investindo" em títulos públicos de um governo inchado e perdulário; e os banqueiros, bem, os banqueiros ganham sempre, especialmente num ambiente de muita barreira à entrada e pouca concorrência.