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Rodrigo Constantino

Rodrigo Constantino

Um blog de um liberal sem medo de polêmica ou da patrulha da esquerda “politicamente correta”.

Pistola sem munição?

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Ninguém deseja, de fato, uma ruptura, uma convulsão social, uma guerra civil. O objetivo das pessoas sensatas é evitar esse cenário catastrófico e bastante incerto. Alguns bolsonaristas acreditam que já houve uma ruptura e que vivemos numa ditadura de toga, que só pode ser enquadrada pelas Forças Armadas. Representavam uma parcela da multidão nas ruas no dia 7 de setembro, repetindo “eu autorizo” ao presidente, para que tomasse uma atitude mais drástica. Ela não veio.

A maioria achou melhor assim. Intervenção militar não é brincadeira, e muita gente espera que ainda seja possível contornar a situação evitando o pior, ou seja, usar a pressão popular para persuadir os ministros supremos da necessidade de um recuo. Houve, então, um suposto acordo que culminou na nota oficial do presidente, redigida por Michel Temer. Seria a pacificação entre os Poderes. Mas a que preço?

Bolsonaro foi generoso ao oferecer uma saída honrosa aos adversários ou negociou da posição de fraqueza, por perceber que se excedeu na fala, xingando o ministro Moraes de canalha, e que sem a disposição de agir só lhe restava um pedido de desculpas? O que esse tal acordo tem de benefício para o povo que foi às ruas? É a pergunta que cada vez mais gente se faz, todos angustiados com a possibilidade de que Bolsonaro sacou uma pistola sem munição.

Os presos políticos continuam presos, afinal, e o establishment segue boicotando Bolsonaro. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, devolveu sua Medida Provisória contra a censura nas redes sociais sem sequer levá-la ao plenário, enquanto seu indicado para o STF continua sem sabatina, por evidente chantagem de Alcolumbre, presidente da CCJ. Moraes pediu vistas, é verdade, do importante caso do marco temporal, que assusta o agronegócio. Mas parece muito pouco.

Nos bastidores bolsonaristas, cresce a sensação de angústia, de que o “sistema” venceu a batalha, senão a guerra. Bolsonaro chegou a rebater um apoiador crítico, que pedia sua ajuda para um problema pessoal na justiça: “Acham que tenho superpoderes”. Claro que não tem, e o jogo é bruto. Mas fica a impressão de que Bolsonaro não jogou como um estrategista, e sim com o fígado. E depois se viu sem maiores alternativas. É complicado mesmo bater de frente com o “mecanismo” que controla o Brasil.

Não sei qual a melhor opção disponível para quem está alarmado com o arbítrio em nosso país. Mas fecho com uma lição de Thatcher sobre liderança: “Se aprendermos as lições erradas da Guerra Fria, também arriscaremos a paz. Se passarmos a acreditar que a melhor maneira de evitar o perigo é contornando-o, ao invés de enfrentá-lo; se pensarmos que a negociação é sempre a opção do estadista; se preferirmos gestos multilaterais vazios a respostas nacionais poderosas, então pagaremos um preço alto – e nossos filhos e netos também pagarão”.

Originalmente publicado pelo ND+

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