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Venho tentando chamar a atenção para o viés de parte da imprensa contra o atual governo, talvez porque muitos jornalistas sofram daquilo que, nos Estados Unidos, ficou conhecido como "Trump Derangement Syndrome", uma implicância irracional com tudo que vem do presidente.

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Alguns colegas acham que as explicações são mais comezinhas e prosaicas e recomendam aquilo que os detetives de romances sabem: siga o dinheiro. Mas não creio que seja tudo uma questão monetária. Acho que muitos sinceramente repudiam o presidente, pelo que ele representa do ponto de vista ideológico, e por seu estilo.

Se o sujeito se deixa levar por uma visão mais estética de mundo, não tem jeito: ele vai preferir Obama a Trump e FHC a Bolsonaro. Não tem como ser diferente! Os esquerdistas falam com mais pompa, simulam uma liturgia do cargo que, na forma, parece melhor, ainda que o conteúdo seja diferente. E essa turma valoriza mais essa imagem, é da vida.

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Ben Shapiro costuma dizer que prefere atribuir ao erro (estupidez) a imensa maioria das divergências com esquerdistas, em vez de malícia. Claro que há aqueles com má fé, mas a maioria está equivocada, em nossa opinião, por adotar um mapa de fundo distinto. Muitos passaram a acreditar realmente que Trump e Bolsonaro representam incríveis ameaças à democracia.

Com base nisso, tudo que seus governos fazem é analisado por uma lente distorcida. É o caso das obras. Até mesmo o ato de entregar obras passou a ser visto pelo foco negativo, como se não passasse de populismo eleitoral. Não vou sequer atacar quem interpretou os fatos dessa forma, mas apenas sugerir uma reflexão.

Não tenho a capacidade de ler mentes para saber a motivação dos outros, mas se Bolsonaro está entregando obras com o ministro pavimentador dois anos antes da eleição só por já estar em campanha, então que bom! Vai ter que trabalhar muito ainda, entregando resultados, até lá. O Brasil ganha.

O PT lançava obras pois era populista; Bolsonaro entrega obras pois é populista? Ora, se tudo é populismo, fiquemos ao menos com aquele dos resultados, né? E ainda por cima sem corrupção, até onde sabemos, ao contrário do PT, recordista nesse quesito...

Em suma, estou aceitando a premissa dos meus colegas, para evitarmos debates mais acalorados no momento. Não vamos discutir as intenções de Bolsonaro, que são subjetivas e impossíveis de confirmação empírica. Vamos conversar, desarmados, sobre seus efeitos. Tenho certeza de que até um jornalista da grande imprensa pode compreender que o "populista" que entrega as obras é melhor do que aquele que só as deixa no papel. Não é verdade?

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