Por Gustavo Lopes Ribeiro, publicado pelo Instituto Liberal
Nos últimos anos, foi notável o aumento do interesse da população nos assuntos relacionados à política. As constantes passeatas, manifestações e conversas cotidianas no trabalho e em grupos de amigos e familiares comprovam esse fato. Esse interesse foi impulsionado pela situação desastrosa na política, com diversos escândalos; e na economia, com uma das piores crises já enfrentadas, gerando um clima de descrédito na população.
Tudo isso gerou tamanha insatisfação e revolta na sociedade, sendo fator crucial para a participação do jovem na política; mas existe uma pergunta que é feita constantemente e que é crucial para definir o que queremos e onde queremos chegar: qual é o papel do Governo? A resposta está longe de ser um consenso no nosso país.
Tivemos governos marcados por uma gestão intervencionista, com medidas como a regulação de preços da energia e combustível, indicações políticas para cargos técnicos em algumas empresas, utilização de empresas estatais para benefícios partidários e aumento do funcionalismo público e de seus benefícios. Segundo a FGV, o Brasil possui 138 empresas estatais federais e, ao incluir companhias que pertencem a estados e municípios, o número ultrapassa o de quatrocentas empresas.
Segundo Adam Smith, conhecido como o pai da economia moderna, o papel do governo é de um árbitro, não de um participante. A liberdade econômica é uma condição para a liberdade política. Ao possibilitar a cooperação entre as pessoas sem coerção nem comando central, tal liberdade reduz a área sobre a qual é exercido o poder político.
Nos últimos anos, em que sofremos com um governo intervencionista, tivemos uma visão diferente da defendida por Smith. A visão de que o papel do governo é servir como um árbitro para evitar que os indivíduos exerçam coerção uns com os outros foi substituída pela visão de que o governo deve servir como um pai encarregado da obrigação de exercer a coerção sobre alguns para ajudar os outros. O governo assumiu essa tarefa em nome da segurança e da igualdade, sendo suas políticas voltadas para regular as atividades de produção e o progresso.
Após anos de políticas extrativistas, as que são conhecidas por extrair renda e riqueza de um segmento da sociedade para beneficiar outro e por manter condições desiguais de atuação econômica e insegurança quanto à garantia da propriedade privada e à imparcialidade do sistema jurídico, os esforços constantes de cada pessoa para melhorar suas condições ainda têm sido superiores e fortes o suficiente para manter o progresso, mesmo com todas as irresponsabilidades e extravagâncias da irresponsável gestão pública.
A experiência vivida nos últimos anos, com crescimento pífio, produtividade baixíssima, desemprego, entre outros fracassos, levantam a dúvida quanto a se ainda a iniciativa privada consegue sustentar o peso do Estado por muito tempo. Na obra Livre Para Escolher, o autor Milton Friedman reforça que, como povo, ainda somos livres para escolher se continuaremos a acelerar essa queda ou se teremos sabedoria para mudar nosso rumo. Aprendendo com a experiência, beneficiar-nos-emos com o renascimento da liberdade.
*Gustavo Lopes Almenara Ribeiro é Diretor Técnico-Operacional da empresa Marca Ambiental, Engenheiro civil formado pela Universidade Federal do Espírito Santo, pós graduando em Gestão Empresarial pela FGV e associado do Instituto Líderes do Amanhã.