Talvez desde a guerra da Coreia o Ocidente não vence uma guerra para valer. Sim, é verdade que objetivos foram parcialmente atingidos no Iraque e em outros locais, mas se pensarmos bem, o fato é que inúmeras guerras se mostraram fiascos do ponto de vista ocidental. Isso apesar do enorme aparato militar americano e da evidente superioridade bélica. O que pode explicar isso?
Existem várias teses, sem dúvida, mas me parece que alguns fatores despontam como os mais prováveis. Em primeiro lugar, há décadas existe um esforço da esquerda radical em demonizar o legado ocidental. Os Estados Unidos são tratados não como heróis na defesa das liberdades, mas como um "império maligno" dominado por supremacistas brancos com interesses escusos.
Para vencer uma guerra, o ânimo precisa estar presente, e a consciência de que se luta uma guerra justa e necessária é fundamental. Aqueles garotos que desembarcaram na Normandia na Segunda Guerra foram para o sacrifício pessoal por uma nobre causa, mas a academia e a imprensa, dominadas por marxistas, tentam rescrever a história como se não fossem heróis, e sim instrumentos nas mãos de uma elite podre.
Nesta segunda foi o Memorial Day, um dos feriados mais importantes aqui nos Estados Unidos, para homenagear justamente aqueles bravos militares mortos em combate. Algumas congressistas democratas, porém, sequer sabiam do que o feriado se tratava. Ilhan Omar e Cory Bush postaram mensagens confundindo o Memorial Day com o Veteran's Day, e falaram em casas acessíveis, saúde mental etc. Depois apagaram as mensagens, mas o nível de ignorância assusta.
Essa base democrata flerta abertamente com os inimigos da América, como o Hamas, pois odeiam o que a América representa. E eis, possivelmente, a principal razão para a falta de vitórias expressivas nas últimas guerras: no fundo a esquerda americana despreza a missão militar do próprio país. Na Guerra Fria, num mundo mais bipolar e com clareza moral, tanto democratas como republicanos não discutiam muito a necessidade de vitória ocidental para se preservar liberdades básicas.
Outro fator que espalha desânimo e descrença é a sequência de imagens que a imprensa mostra. Guerra nunca é algo bonito. Ao contrário: toda guerra é feia, terrível. Mas algumas são necessárias, e se uma nação entra numa guerra, melhor vencê-la, até para justificar moralmente todo o sacrifício em vidas humanas e recursos escassos.
Quando a mídia fica mostrando imagens de vítimas da guerra, isso mexe com a sensibilidade de muitos. Como uma parte minúscula da população é militar, pouca gente conhece parentes ou amigos próximos nas Forças Armadas. E como muitas guerras ocidentais são lutadas à distância ou por aliados, felizmente poucos americanos morrem atualmente em conflitos. Isso faz com que poucos tenham a sensação de "skin in the game", de fazer parte do esforço de guerra, ao contrário do que acontecia no passado.
Com os interesses em questão, e com pouca gente sentindo na pele a dor da guerra, ela fica parecendo algo sem muito sentido, distante. Quando chegam as imagens do inevitável sofrimento que uma guerra causa, a opinião pública acaba demandando seu fim. E assim fica complicado vencer a guerra, o único objetivo aceitável para algo tão nefasto como uma guerra.
Podemos ver isso claramente no caso de Israel. A maioria ocidental ainda apoia a nação democrática judaica no Oriente Médio, mas com forte propaganda esquerdista e com imagens de supostas vítimas palestinas, vários passam a exigir um "cessar fogo" imediato, ignorando que isso seria sinônimo de permitir a sobrevivência do grupo terrorista Hamas no comando da Faixa de Gaza.
O colunista do Globo, Guga Chacra, escreveu um texto nessa linha, alegando já no título que "nada justifica as mortes de crianças no massacre de Rafah". Para começo de conversa, a imprensa aceita a valor de face os dados do "Ministério da Saúde" do Hamas, o que é uma piada. Mas, além disso, há um viés demagogo na análise desses jornalistas de esquerda, como fica claro nesse trecho da coluna de Guga Chacra:
Todos sabemos que Israel sofreu um gigantesco atentado terrorista no 7 de outubro cometido pelo Hamas. Mas nada justifica ver tantas milhares de crianças serem mortas na resposta israelense. Há meses já deveria ter havido um cessar-fogo. Milhares de vidas teriam sido salvas e reféns teriam sido libertados. A insistência de Netanyahu de seguir com a guerra apenas levará a novos fracassos. Demorou 20 anos para Israel ver que não conseguiria eliminar completamente seus inimigos no Sul do Líbano. Quanto demorará em Gaza?
Ora, o que o faz pensar que se Israel desistisse de ir atrás dos selvagens terroristas do Hamas os reféns seriam libertados? E por que ele fala somente em Netanyahu se sabe que há um gabinete de guerra que conta inclusive com o opositor de esquerda Gantz? É para desinformar? É para fazer campanha para o fim da guerra, mesmo que isso signifique a derrota de Israel e, portanto, do Ocidente?
Gostaria de finalizar recomendando um excelente e importante livro do historiador militar Victor Davis Hanson, Por que o Ocidente venceu. O último parágrafo é uma lembrança necessária nos dias de hoje:
A civilização ocidental deu à humanidade o único sistema econômico que funciona, uma tradição racionalista que por si só nos permite ter progresso material e tecnológico, a única estrutura política que garante a liberdade do indivíduo, um sistema de ética e uma religião que trazem à tona o melhor da humanidade - e a prática de armas mais letal possível. Esperemos pelo menos poder entender esse legado. Trata-se de uma herança pesada e algumas vezes ameaçadora que não devemos negar nem da qual devemos sentir vergonha - devemos, isso sim, insistir para que nossa maneira mortal de guerrear sirva para fazer avançar, e não enterrar, nossa civilização.
Se o Ocidente começar a titubear e perder guerras, quem as estará vencendo? Não é difícil responder: os selvagens do Hamas, os fanáticos do Irã, os assassinos de Putin, os opressores comunistas chineses. Esse seria um mundo muito pior, sem dúvida.
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