Tanques israelenses patrulham perto da cerca de segurança com Jabalia, na parte norte da Faixa de Gaza, ao fundo, sul de Israel| Foto: EFE/EPA/ATEF SAFADI
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Talvez desde a guerra da Coreia o Ocidente não vence uma guerra para valer. Sim, é verdade que objetivos foram parcialmente atingidos no Iraque e em outros locais, mas se pensarmos bem, o fato é que inúmeras guerras se mostraram fiascos do ponto de vista ocidental. Isso apesar do enorme aparato militar americano e da evidente superioridade bélica. O que pode explicar isso?

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Existem várias teses, sem dúvida, mas me parece que alguns fatores despontam como os mais prováveis. Em primeiro lugar, há décadas existe um esforço da esquerda radical em demonizar o legado ocidental. Os Estados Unidos são tratados não como heróis na defesa das liberdades, mas como um "império maligno" dominado por supremacistas brancos com interesses escusos.

Para vencer uma guerra, o ânimo precisa estar presente, e a consciência de que se luta uma guerra justa e necessária é fundamental. Aqueles garotos que desembarcaram na Normandia na Segunda Guerra foram para o sacrifício pessoal por uma nobre causa, mas a academia e a imprensa, dominadas por marxistas, tentam rescrever a história como se não fossem heróis, e sim instrumentos nas mãos de uma elite podre.

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Nesta segunda foi o Memorial Day, um dos feriados mais importantes aqui nos Estados Unidos, para homenagear justamente aqueles bravos militares mortos em combate. Algumas congressistas democratas, porém, sequer sabiam do que o feriado se tratava. Ilhan Omar e Cory Bush postaram mensagens confundindo o Memorial Day com o Veteran's Day, e falaram em casas acessíveis, saúde mental etc. Depois apagaram as mensagens, mas o nível de ignorância assusta.

Essa base democrata flerta abertamente com os inimigos da América, como o Hamas, pois odeiam o que a América representa. E eis, possivelmente, a principal razão para a falta de vitórias expressivas nas últimas guerras: no fundo a esquerda americana despreza a missão militar do próprio país. Na Guerra Fria, num mundo mais bipolar e com clareza moral, tanto democratas como republicanos não discutiam muito a necessidade de vitória ocidental para se preservar liberdades básicas.

Outro fator que espalha desânimo e descrença é a sequência de imagens que a imprensa mostra. Guerra nunca é algo bonito. Ao contrário: toda guerra é feia, terrível. Mas algumas são necessárias, e se uma nação entra numa guerra, melhor vencê-la, até para justificar moralmente todo o sacrifício em vidas humanas e recursos escassos.

Quando a mídia fica mostrando imagens de vítimas da guerra, isso mexe com a sensibilidade de muitos. Como uma parte minúscula da população é militar, pouca gente conhece parentes ou amigos próximos nas Forças Armadas. E como muitas guerras ocidentais são lutadas à distância ou por aliados, felizmente poucos americanos morrem atualmente em conflitos. Isso faz com que poucos tenham a sensação de "skin in the game", de fazer parte do esforço de guerra, ao contrário do que acontecia no passado.

Com os interesses em questão, e com pouca gente sentindo na pele a dor da guerra, ela fica parecendo algo sem muito sentido, distante. Quando chegam as imagens do inevitável sofrimento que uma guerra causa, a opinião pública acaba demandando seu fim. E assim fica complicado vencer a guerra, o único objetivo aceitável para algo tão nefasto como uma guerra.

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Podemos ver isso claramente no caso de Israel. A maioria ocidental ainda apoia a nação democrática judaica no Oriente Médio, mas com forte propaganda esquerdista e com imagens de supostas vítimas palestinas, vários passam a exigir um "cessar fogo" imediato, ignorando que isso seria sinônimo de permitir a sobrevivência do grupo terrorista Hamas no comando da Faixa de Gaza.

O colunista do Globo, Guga Chacra, escreveu um texto nessa linha, alegando já no título que "nada justifica as mortes de crianças no massacre de Rafah". Para começo de conversa, a imprensa aceita a valor de face os dados do "Ministério da Saúde" do Hamas, o que é uma piada. Mas, além disso, há um viés demagogo na análise desses jornalistas de esquerda, como fica claro nesse trecho da coluna de Guga Chacra:

Todos sabemos que Israel sofreu um gigantesco atentado terrorista no 7 de outubro cometido pelo Hamas. Mas nada justifica ver tantas milhares de crianças serem mortas na resposta israelense. Há meses já deveria ter havido um cessar-fogo. Milhares de vidas teriam sido salvas e reféns teriam sido libertados. A insistência de Netanyahu de seguir com a guerra apenas levará a novos fracassos. Demorou 20 anos para Israel ver que não conseguiria eliminar completamente seus inimigos no Sul do Líbano. Quanto demorará em Gaza?

Ora, o que o faz pensar que se Israel desistisse de ir atrás dos selvagens terroristas do Hamas os reféns seriam libertados? E por que ele fala somente em Netanyahu se sabe que há um gabinete de guerra que conta inclusive com o opositor de esquerda Gantz? É para desinformar? É para fazer campanha para o fim da guerra, mesmo que isso signifique a derrota de Israel e, portanto, do Ocidente?

Gostaria de finalizar recomendando um excelente e importante livro do historiador militar Victor Davis Hanson, Por que o Ocidente venceu. O último parágrafo é uma lembrança necessária nos dias de hoje:

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A civilização ocidental deu à humanidade o único sistema econômico que funciona, uma tradição racionalista que por si só nos permite ter progresso material e tecnológico, a única estrutura política que garante a liberdade do indivíduo, um sistema de ética e uma religião que trazem à tona o melhor da humanidade - e a prática de armas mais letal possível. Esperemos pelo menos poder entender esse legado. Trata-se de uma herança pesada e algumas vezes ameaçadora que não devemos negar nem da qual devemos sentir vergonha - devemos, isso sim, insistir para que nossa maneira mortal de guerrear sirva para fazer avançar, e não enterrar, nossa civilização.

Se o Ocidente começar a titubear e perder guerras, quem as estará vencendo? Não é difícil responder: os selvagens do Hamas, os fanáticos do Irã, os assassinos de Putin, os opressores comunistas chineses. Esse seria um mundo muito pior, sem dúvida.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]