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A principal disputa ideológica não é exatamente entre direita e esquerda, mas entre aqueles que demonstram apreço pela menor minoria de todas - o indivíduo - e aqueles com inclinações mais coletivistas e estatizantes - que acabam enxergando o indivíduo de carne e osso como um meio sacrificável pelo "bem geral" ou algum construto abstrato qualquer, seja raça, classe ou nação.

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É evidente que a coisa não é tão binária assim, e regiões cinzentas vão sempre existir, impondo dilemas morais entre a liberdade individual e o tal "interesse coletivo". Mas, via de regra, os liberais e conservadores costumam valorizar mais as liberdades dos indivíduos, enquanto os "progressistas" preferem adotar uma visão holística e priorizar coletivos.

No caso das vacinas experimentais contra a Covid-19 isso ficou bem evidente. O perfil de risco de cada um também tem influência no debate. Aqueles mais apavorados com a pandemia tendem a defender medidas autoritárias e drásticas no afã de uma sensação maior de segurança. E, como alertou um dos grandes pais fundadores da América, quem abandonar liberdade em troca de segurança poderá acabar sem ambas.

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Guilherme Fiuza tem sido uma das vozes mais firmes na defesa dos direitos individuais nessa pandemia, assustado com o andar coletivista da carruagem ocidental. Diante de uma notícia de que um funcionário foi demitido por justa causa por se recusar a se vacinar contra o SarsCov2, Fiuza desabafou:

Já estão demitindo por JUSTA CAUSA quem não se vacinou contra covid. O nome disso é FRAUDE. Não há justa causa se não há certeza sobre os RISCOS q cada um corre c/ vacinas EXPERIMENTAIS, nem mesmo sobre a eficácia da suposta imunização. Vcs estão estuprando o Direito. E vão pagar

Qualquer pessoa com viés liberal e foco no indivíduo acha preocupante os rumos que o Ocidente tem tomado nessa pandemia, e notícias como essa, de fato, assustam bastante:

Mas muitas máscaras estão caindo nessa pandemia também. Muita gente que se dizia liberal ou mesmo conservadora está ao lado de governadores esquerdistas autoritários e defendendo medidas arbitrárias e inconstitucionais, tudo em nome da ciência, claro. São inúmeros exemplos, mas uso um caso para ilustrar, do jornalista da Band News:

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Parêntese: a marca registrada da esquerda é nunca citar as pessoas pelo nome, por pura covardia. Fecho o parêntese. Macalossi se diz um liberal, mas pelo visto só falta aprender o mandarim, pois sua visão política já está bem alinhada com a do regime chinês, parceiro da mesma emissora em que ele trabalha. Essa turma se afastou muito dos ideais liberais nessa pandemia.

Ben Shapiro, liberal clássico, tem alertado para os perigos desse autoritarismo "democrata". Comentando a fala de uma defensora da vacinação obrigatória, ele disse: "Todo adulto teve a oportunidade de receber a vacina. Casos graves decorrentes de doenças emergentes são extraordinariamente raros. Não se trata mais do sistema de honra. Os adultos podem tomar suas próprias decisões e viver com as consequências. A liberdade importa".

Se você é um liberal ou um conservador, sem dúvida ela importa, e muito. Mas se você é um "progressista" seguro de que fala em nome da ciência, então você quer usar o poder do estado, a coerção legal, para calar os "negacionistas" e impor medidas "saudáveis". Em coluna na Gazeta do Povo, o mesmo Shapiro ataca esse discurso oficial do governo Biden, que partiu para cima do Facebook alegando que a plataforma está espalhando mentiras e influenciando pessoas contra as vacinas:

Nada disso é verdade. Afinal, o Facebook é uma plataforma, não uma publicação com as mesmas responsabilidades de uma editora, por exemplo. Tratar o Facebook como tal transformaria totalmente seu negócio.

Além do mais, é num nível meramente factual, não é verdade que os usuários do Facebook tendam mais a evitar a vacinação. De acordo com as estatísticas da plataforma, a aceitação da vacinação nos Estados Unidos entre os usuários do Facebook varia entre 80% e 85%, e 3,3 milhões de norte-americanos usaram a rede social para encontrar um local de vacinação.

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Então o que leva Biden a acusar o Facebook? O que o leva a fazer isso é seu objetivo mais amplo de usar as redes sociais para eliminar as fontes de notícia alternativas.

Shapiro conclui: "O autoritarismo da esquerda está com tudo. Os norte-americanos precisam perceber e lutar contra isso antes que essa censura destrua nossa capacidade de ver outras coisas que não o que a esquerda quer que vejamos".

Em coluna na Gazeta também, Lacombe critica a visão de um estado benfeitor e messiânico: "O Estado... Você acredita nele? Acha mesmo que ele pode ser seu tutor, seu 'pai', o 'pai de todos'? Quantas promessas de salvação, de proteção e segurança você tem aceitado? Quanto da sua liberdade lhe retiraram, mas para 'o seu bem'?

Os debates ideológicos seguem, portanto. Defensores das liberdades individuais de um lado, coletivistas do outro. Não é uma definição perfeita ou isenta de erros, mas normalmente aos primeiros se atribui o termo direita, e aos últimos o rótulo de esquerda. O debate é saudável. Só não é saudável gente que se diz liberal pregando exatamente a cartilha coletivista estatizante da esquerda. É o que tem feito muito "liberal" tucano por aí...