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Por Lívia Abreu, publicado pelo Instituto Liberal

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Ray Thomas Dalio, nascido em 01/08/1949, é fundador e acionista do maior fundo de investimento tipo hedge do mundo – a empresa Bridgewater Associates. Ray é conhecido como o Steve Jobs dos investimentos e, ao longo do livro, ele mesmo traça algumas características de sua personalidade que coincidem com o fundador da Apple.

Ray sempre se diferenciou por sua capacidade de perceber os movimentos do mercado, além de gerir o capital de maneira inovadora. Hoje, ocupa a posição de uma das pessoas mais ricas e influentes do mundo.

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O livro é dividido em três partes: (I) De onde venho, que conta a história do autor; (2) Princípios de vida; e (3) Princípios de trabalho, que são fundamentos esmiuçados e sistematizados – a princípio, pensando apenas nos funcionários da empresa de Ray, visando a alinhar valores.

Curioso notar que, muito embora Ray seja bastante assertivo com relação a vários princípios e valores que para si e sua empresa julga fundamentais, ele estimula o leitor a refletir a respeito de cada um destes princípios, para adotá-los ou não em sua vida pessoal e profissional.

Para mim, um dos pontos fundamentais levantados por Ray é o fato da transparência máxima em suas relações e profissionais, inclusive consigo mesmo. Ray diz que todo o sucesso que conquistou na vida tem mais a ver com o fato de ter aprendido a lidar com o “não saber” do que com algo que de fato sabia. Desse modo, estimula que aqueles ao seu redor saibam lidar com as próprias fraquezas e também dos demais. Segundo ele, deve ser criada uma cultura na qual seja OK cometer erros, mas inaceitável não aprender com eles.

A sistematização dos princípios busca trazer algumas verdades fundamentais que servem como base para um comportamento que nos trará o que a gente deseja da vida. Ou seja, busca o autor elencar as situações que viveu, os critérios que nortearam sua decisão em cada hipótese, bem como o resultado que tais ações apresentaram, para que, assim, possa decidir melhor nos casos futuros.

Uma vez sedimentado um princípio, ele pode ser utilizado como base em todas as situações que se repetirem no futuro – o que facilita enormemente a decisão e traz coerência ao comportamento do indivíduo. Seriam espécies de pré-decisões que nos ajudam a lidar mais facilmente com as decisões da vida. E, claro, como temos naturezas e objetivos individuais, é importante que cada um de nós escolha aqueles que correspondam a eles. Não é necessariamente ruim utilizar princípios de outras pessoas, mas é sempre importante refletir antes de adotar cada um deles, para saber se estamos agindo de maneira consistente com nossos objetivos e nossa natureza.

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Ao mesmo tempo, Ray estimula que tenhamos a mente aberta e lúcida, sempre pensando independentemente. Assim, fica claro que os princípios não são ideias fixas, mas bússolas que norteiam a nossa decisão – e cujo rumo sempre pode ser ajustado ao longo da vida e de nossa evolução.

É preciso encarar de frente tanto nossos erros quanto nossas falhas, para que, assim, possamos evoluir. Ray reconhece que não é possível que saibamos sempre de tudo – mas é essencial que saibamos reconhecer e solucionar isso, a partir da contratação de pessoas que compensem as nossas falhas.

Para isso, Ray buscou montar equipes complementares e descobriu que uma das maiores dificuldades que encontrava era a falsa ideia das pessoas sobre si mesmas. Passou, então, a estudar formas de classificar as pessoas a partir de suas tendências naturais – os tipos psicológicos de cada um. Isso facilita a comunicação, bem como o fluxo das equipes de trabalho.

Também mostra que a evolução depende das pessoas ao nosso redor; que uma das habilidades diferenciais dos seres humanos é justamente o poder de unir forças para desenvolver novas tecnologias ou habilidades. Portanto, devemos nos juntar a pessoas com valores alinhados ao nosso, escutar quando nossas falhas são apontadas e aprender com os outros a olhar coisas sob uma nova ótica; mas é importante que escolhamos bem nossos críticos, para que tomemos decisões ponderadas pela credibilidade.

Nesse sentido, também é sempre importante ter a humildade de se questionar e buscar pontos nos quais podemos estar errados. Não há nada de mau em reconhecer isso; muito pelo contrário. Assim, Ray deixa claro que estimula em seus funcionários um pensamento aberto, com meritocracia de ideias – a autoridade do argumento e não o argumento de autoridade. Mas, claro, também a autoridade – ou a credibilidade – do sujeito é algo a ser levado em conta nessa ponderação.

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Ray traz um interessante conceito de algo que deve ser estimulado: os desacordos respeitosos. Os desacordos respeitosos são uma forma produtiva de chegar a um entendimento mútuo, o que não necessariamente é a mesma coisa que um acordo. Duas pessoas podem até mesmo concordar em discordar. Os desacordos respeitosos vão contra o que as pessoas instintivamente fazem, que seria evitar discordar para, assim, tentar evitar conflitos.

Outro conceito que chama atenção é a ideia de amor exigente, que Ray define como oferecer às pessoas, em especial àqueles a quem ama, o poder de lidar com a realidade para que consigam o que querem. Assim, como parte do amor respeitoso, está até mesmo negar às pessoas aquilo que elas querem, para que tenham a oportunidade de lutar por isso. É um conceito interessante e que pode ser aplicado a muitas empresas, em especial às familiares. Ganhar as coisas de mão beijada fará com que as pessoas precisem de mais ajuda no futuro.

Em toda a obra, Ray reforça a ideia de que temos de reconhecer que todos nós temos fraquezas e que, muito embora o mundo nos condicione a ficar constrangidos por elas, não devemos escondê-las. Quando somos francos em relação a nossos pontos fracos, podemos nos libertar e aprender a lidar com eles. Assim, estaremos sempre em evolução.

Por fim, o livro também nos oferece algumas formas de avaliação da personalidade das pessoas, bem como de gestão de pessoas e processos, que espero poder utilizar em meu dia a dia.

*Artigo publicado originalmente no site do Instituto Líderes do Amanhã por Lívia Dalla Bernardina Abreu.

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