Muito me espanta alguns "conservadores" ocidentais alimentarem uma visão de que Putin representaria uma espécie de defensor da família e dos bons costumes contra os globalistas woke. Putin é um mafioso, um psicopata assassino e, acima de tudo, um comunista vingativo. Ele considerou, não custa lembrar, a maior tragédia da geopolítica o debacle da União Soviética. Um sujeito que era diretor internacional da KGB aos 32 anos não pode ser flor que se cheire...
Putin foi criado politicamente por alguns poucos oligarcas muito poderosos e ligados a Yeltsin. Poucos meses depois de sua ascensão ao poder, dois eles, Berezovsky e Gusisnky, não por acaso os dois que comandavam veículos importantes de imprensa, foram perseguidos e destruídos. Putin foi desde então concentrando mais e mais poder no Kremlin, distribuindo ativos que expropriava dos velhos oligarcas aos seus aliados fiéis, e se estabelecendo definitivamente como um novo czar ou líder soviético.
Em uma "entrevista" feita para soar um bom moço, Putin foi perguntado se era capaz de perdoar. Ele disse que sim, com carinha de fofo, mas logo depois acrescentou: "não tudo". O entrevistador perguntou então o que ele não perdoaria, e ele logo rebateu: "traição". É nesse contexto que podemos compreender a imensa quantidade de mortes suspeitas de gente que ousou desafiá-lo ou criticá-lo com muita veemência. O caso mais recente é do líder do grupo Wagner.
Bill Burns, o diretor da CIA, refletiu recentemente sobre o destino que poderia aguardar Ievgeni Prigozhin, o líder mercenário que organizou um motim de curta duração na Rússia, em junho. Vladimir Putin, o presidente da Rússia, “pensa que a vingança é um prato que se come frio”, disse ele. “Na minha experiência, Putin é o apóstolo definitivo da vingança, então ficaria surpreso se Prigozhin escapasse de represálias”. No dia 23 de agosto, precisamente dois meses depois desse motim, o jato de Prigozhin despencou. Não é preciso ser um diretor da CIA para prever esse tipo de coisa...
Tampouco dá para compreender como uma revista como a The Economist diz que essa morte consolida o poder de Putin e faz a Rússia virar um estado mafioso. Oi? Consolida ainda mais o poder de um tirano absolutista? Transforma a Rússia num estado mafioso? E o que era antes: uma democracia republicana, por acaso? Quem acompanha as notícias russas há anos sabe que tal diagnóstico é velho. Não há qualquer novidade aqui; apenas mais uma vítima, entre tantas.
Comunistas agem assim mesmo, desde sempre. Tudo pelo poder, e quem ousa ficar no caminho acaba censurado, humilhado em julgamentos teatrais e falsos, preso ou morto. Deve ser horrível viver num país sob comunistas, onde avisões com figuras importantes caem com frequência ou ex-aliados do governo aparecem mortos em causas estranhas. Deve ser terrível viver num país em que a democracia é de fachada e o estado opera para proteger bandidos. Deve ser um pesadelo viver num país sob o comando de um comunista vingativo, não é mesmo?
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