Por Felipe Fernandes, publicado pelo Instituto Liberal
É muito comum ver a revolta de parte dos pagadores de impostos ao saber intimamente como são os gastos da máquina pública em geral, seja no Legislativo, no Executivo, no Judiciário ou em estatais no Brasil.
Ao longo dos últimos anos, com o aumento da vigilância da sociedade, uma série de regalias têm sido eliminadas. Ainda é pouco. Falta priorização. Em tempos de crise, guerras, grandes tragédias ambientais ou pandemias, a conta aparece.
Jim Collins, em seu livro Como as gigantes caem, apresenta a ideia de que uma das principais razões que motivam o declínio empresarial é a ausência de clareza de quem são os seus ofensores. Em geral, o mais difícil de identificar é o externo, o moderno, o novo.
Foi isso que ocorreu com a atual pandemia mundial do novo coronavírus – por mais que tivéssemos um plano estruturado ou atuação prévia, seria difícil suportar sem sentir nenhum impacto.
E como resolver? Um simples auxílio-paletó faz muita falta nessas horas e vira só a “ponta do iceberg”.
Os erros do passado só justificam o problema atual, entretanto, podemos fazer diferente para virar esse jogo – não só com as medidas emergenciais de curto prazo, mas repensando toda a prioridade do gasto e investimento públicos. Dessa forma, imagino que devemos atuar nos pontos enunciados a seguir.
Em primeiro lugar, aceitar a tecnologia: os tempos mudaram, é notório que podemos manter as atividades parlamentares à distância. A cota parlamentar pode ser reduzida se, em parte do tempo, tivermos sessões virtuais, mesmo que não sejam todas. Fazer isso reduziria os custos com viagens, trajetos, refeições, assessoria, entre outros. Além disso, há menos confusão no plenário virtual, o que faz o Congresso ser mais produtivo e focar no que importa. Iniciativas no Judiciário e no Executivo caminham na mesma linha. Mais virtual, menos presencial: mais barato.
Ao ir mais fundo, encontramos empresas estatais em número surpreendente (mais de 200, conforme Boletim das Empresas Estatais Federais – Ministério da Economia) e com a mais variada diversidade e aleatoriedade (pesquisa e desenvolvimento, energia, desenvolvimento regional, administração portuária, comércio, serviços, petróleo, entre outros), com cerca de 480 mil funcionários diretos. Os funcionários sustentam salários acima do mercado, aumentos regulares e desempenho, por vezes, questionável.
Vamos sofrer por um tempo, mas de fato precisamos repensar daqui para frente. As prioridades das decisões acumuladas no passado estão pesando agora. Mais do que nunca precisamos pensar em como reverter isso assim que for possível.
Em momentos difíceis de crise, o caixa é o que importa, já diria o próprio Jim Collins. O caixa está fazendo falta agora. Precisamos focar nas grandes reformas e priorizar as boas decisões, ter um Estado enxuto, sem privilégios e menos gastos desnecessários com estatais.
*Felipe Fernandes é associado I do Instituto Líderes do Amanhã.
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