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Questionar o SUS é um "ataque à democracia". Sim, foi o que li numa coluna da Folha de SP. Eis a chamada: Faustão não 'furou fila': questionar a universalidade do SUS é um ataque à democracia. O subtítulo enaltece o serviço estatal: "Além de universal, critérios técnicos e transparência marcam o sistema de transplantes no Brasil". A coluna Saúde em Público é assinada por Ana Pimentel, deputada federal pelo PT de Minas Gerais.

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Pimentel, claro, tem todo direito à sua opinião sobre o SUS. Essa visão vai bater de frente com aquela de vários usuários aguardando na fila de transplantes, ou mesmo uma simples cirurgia. Desnecessário lembrar que Faustão não fez seu transplante no SUS, mas sim no Hospital Albert Einstein, rede privada e caríssima, que só petistas e empresários ricos podem pagar.

O que chama a atenção nem é essa visão de que o SUS merece tantos aplausos assim - vistão esta que, repito, vai contra a de muita gente do povão, que o PT diz defender. O que nos interessa aqui é a visão autoritária dessa gente no poder. Para eles, tudo virou "ataque à democracia", e qualquer crítica ou mesmo questionamento a essas instituições ou à gestão atual já são sinônimos de golpismo perigoso.

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É essa turma, não custa lembrar, que quer aprovar o PL da Censura, supostamente para combater Fake News. O pessoal petista, que chama o impeachment da Dilma de golpe - isso sim, um ataque às instituições democráticas do país - quer criar o Ministério da Verdade para definir o que pode ou não ser dito nas redes sociais. E já sabemos o que vem por aí se eles aprovarem esse troço - que tinha urgência antes para "salvar crianças", mas depois adiaram a votação: ninguém poderá mais sequer questionar o SUS!

"Ontem parecia que eu estava num dia normal na minha vida. Sentei, andei, conversei. É um absurdo poder fazer tudo isso. Só tenho a agradecer aos meus médicos e ao SUS. Tudo isso também é graças ao SUS", festejou o apresentador Faustão. Que bom que ele se sente bem, conseguiu um coração e teve condições de pagar para realizar sua cirurgia num dos melhores hospitais particulares do mundo. Mas o PT está politizando esse caso desde o começo, então temos (ainda) o direito de rebater.

Questionar o estado é fundamental. O poder corrompe e o poder absoluto corrompe absolutamente. O mecanismo de incentivos não é adequado no setor público, onde falta escrutínio dos donos do dinheiro, normalmente transparência e punição aos incompetentes. Pergunte a um cidadão comum, trabalhador humilde, se ele está satisfeito com os serviços prestados pelo governo. Mas para o PT, não podemos nem mesmo questionar se há problemas nesses serviços!

É a típica mentalidade totalitária de quem se adaptaria bem vivendo em Cuba - ao menos se fizer parte da nomenclatura. Em países livres, o ato de questionar é um direito e até mesmo um dever moral de todo cidadão. Afinal, não somos súditos ou escravos, e sim cidadãos livres. O estado existe para nos servir, não nós para servirmos ao estado. O jornalismo tem a obrigação de fazer perguntas incômodas e tentar lançar luz onde políticos safados gostariam de manter no escuro.

Certa vez, conversando com minha filha ainda pequena, disse: "Se tem uma coisa que o papai gostaria de deixar como ensinamento é para você sempre questionar, não aceitar as coisas impostas a você, como dogmas, mas questionar, inclusive seu próprio pai". Minha filha não foi educada para ser uma petista, como podem ver. Graças a Deus e ao meu esforço!

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Já os petistas querem que todos acatemos suas narrativas sem qualquer ceticismo. Devemos obedecer o que diz o estado a cada momento. Tudo no estado, pelo estado e para o estado, parece ser o slogan petista. E depois ainda se viram para os espíritos livres mais rebeldes e xingam: "Fascistas!" Onde já se viu não olhar para o estado como um ente perfeito e maravilhoso, que quer apenas o nosso bem? Coisa de fascista rebelde mesmo, não acham? Deixando de lado que os fascistas eram justamente os que idolatravam o estado também, claro...