Por João Cesar de Melo, publicado pelo Instituto Liberal
Em 1979, a TV Globo colocou no ar Malu Mulher, uma série que retratava os dramas e as dificuldades de uma mulher recém-divorciada para tocar sua vida num país machista. A série foi um sucesso. Ficou no ar por 19 meses. Transformou Regina Duarte na mais importante atriz da televisão brasileira por duas décadas e inquestionavelmente iniciou o processo de amadurecimento da sociedade brasileira em relação às mulheres.
Na trama, a socióloga Malu (personagem interpretada por Regina Duarte) enfrentava os problemas. Reagia aos preconceitos e às agressões. Sofria e chorava, mas não se colocava como coitadinha. Diante de cada barreira, erguia a cabeça e tentava superar. Superava por si mesma, com força de vontade e trabalho, não com faniquitos públicos ou com discursos contra os homens.
Essa série estrelada por Regina Duarte levantou todas as questões, foi tema noutros programas de televisão numa época em que todos viam televisão, quando a televisão era realmente uma formadora de opiniões.
Alguns anos depois, Regina Duarte foi estrela da novela Roque Santeiro, uma escrachada peça contra a igreja católica.
Mais alguns anos se passam e a Globo colocou no ar duas novelas (Vale Tudo e Rainha da Sucata) com Regina Duarte interpretando mulheres de origem pobre que ficaram ricas trabalhando duro e honestamente, em contraponto às elites ricas e arrogantes.
No final da década de 1990, estrelou a minissérie Chiquinha Gonzaga, que romantizava a vida boêmia da compositora que vivera um século antes na cidade do Rio de Janeiro e que acabou se casando com um jovem com idade para ser filho dela.
Em 1985, fez campanha para a unificação da esquerda contra o candidato conservador ao governo de São Paulo, Jânio Quadros.
Em 2002, Regina Duarte mantém-se à esquerda apoiando José Serra contra Lula na eleição presidencial. Porém, ela não estava tão à esquerda quanto a própria esquerda queria. Todo o discurso progressista de que mulher tem o direito de fazer suas escolhas foi jogado no lixo. Tiraram da primeira feminista da televisão brasileira o direito de escolher um candidato entre dois. A esquerda inteira passou, então, a tratar Regina Duarte como fascista, etc.
A verdade é que Regina Duarte sempre esteve do lado certo, ou do menos errado. Do lado certo quando, ainda sob o regime militar, se colocava como a líder da emancipação feminista. Menos errado ao preferir o PSDB ao PT. Na eleição passada, ela fez o que grande parte dos liberais fizeram: apoiou Jair Bolsonaro porque foi essa a opção que a democracia lhe deu.
Ao aceitar o cargo de secretária da cultura do atual governo, ela tem a ilusão de que pode pacificar o meio artístico. Coitada. Já já, a esquerda irá incluí-la no hall dos nazistas.
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