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Regina Duarte finalmente assume a Secretaria da Cultura, após "namoro" longo com presidente. Ela mal chegou e já fez exonerações na pasta, inclusive de uma turma ligada ao filósofo Olavo de Carvalho. É natural que alguém, ao assumir o comando, queira se cercar de gente de sua confiança. Mas a decisão gerou revolta e reação.
Até porque, entre novos indicados, há nome associado ao PSOL. Era o pretexto perfeito para que a narrativa olavista se alastrasse, acusando a atriz de ser uma esquerdista infiltrada no governo. O filósofo descascou a nova secretária em suas redes sociais, assumindo de forma arrogante o aval para sua indicação, que agora considera uma "cagada": "Se a Regina Duarte quer mesmo se livrar de indicados do Olavo de Carvalho, a pessoa principal que ela teria de botar para fora do ministério seria ela mesma".
Olavistas, após senha dada pelo guru em postagem extremamente deselegante, já tentam fritar Regina Duarte, levantando a hashtag #ForaRegina no dia em que ela toma posse. Mascaram o ataque com o verniz da ideologia, mas a razão parece ser mais comezinha mesmo: querem tetas estatais, cargos no governo. A ala olavista é parte do problema do governo Bolsonaro, não da solução. Gera discórdia o tempo todo, não consegue contemporizar um só segundo, precisa de inimigos permanentes.
Regina Duarte tem a difícil missão de pacificar a pasta da Cultura, além de dar uma guinada mais à direita, numa área dominada pelo esquerdismo há décadas. Claro que a presença de qualquer esquerdista ali pode gerar desconforto nesse contexto, mas uma coisa é criticar uma nomeação, e outra, bem diferente, é pedir sua cabeça antes mesmo de começar os trabalhos. Fica evidente que o motivo real é mesmo a demissão de aliados do guru.
A deputada estadual Janaina Paschoal, que já criticou os bolsonaristas que mais parecem "petistas de sinal trocado", desabafou nas redes sociais, apoiando a nova secretária:
O objetivo de limpar a Cultura do petismo é louvável e necessário, mas é preciso de inteligência para chegar lá. Não é no estilo olavista que isso vai acontecer. Comer pelas beiradas às vezes é mais sábio do que o confronto direto com um aparelhamento ideológico de sinal trocado. Regina merece apoio e um voto de confiança, não esse "fogo amigo" precipitado. Ela não é uma esquerdista infiltrada; apenas não é uma olavista. E isso é bom!
Comentei sobre o caso no Jornal da Manhã hoje mais cedo: