Quando falamos em bárbaros, logo vem à mente imagens de visigodos invadindo Roma, ou dos mongóis de Gengis Khan aterrorizando suas vítimas. Dificilmente pensamos em “liberais” com discursos de tolerância defendendo o multiculturalismo, enquanto desfrutam da prosperidade ocidental. Mas são esses que a canadense Lauren Southern chama de bárbaros em seu livro.
Lauren é uma jovem conservadora, que culpa principalmente a geração dos “baby boomers” pela situação do mundo hoje, sem, entretanto, eximir de responsabilidade a sua própria, formada por mimados narcisistas que confundem desejos com direitos. O simples fato de ela atacar essa cultura com tanta propriedade, porém, nos enche de esperança: nem todos os millennials são bobocas encantados com o som da própria voz.
A escolha de causas tão estranhas por essa juventude pode ser, segundo a autora, resultado da afluência, do excesso de coisas. É a geração do “mais”: mais sexo, mais drogas, mais maluquices, mais grupos de identidade, mais gêneros — muito mais gêneros. O que a turma tem dificuldade de encontrar é mais significado, mais pertencimento, mais propósito na vida.
Seus colegas aprendem a celebrar o niilismo, o consumismo hedonista, e um “pensamento” politicamente correto que só repete slogans e frases prontas de efeito. A “alma ocidental” estaria se desintegrando, enquanto a garotada berra pelo “direito” de colocar homens que se consideram mulheres no banheiro feminino.
Lauren começou a abrir seus olhos na escola, quando seu professor de “justiça social” (sim, isso existe) dividiu a classe entre “privilegiados” e “desprivilegiados” (valeu, Paulo Freire). Ali começa a formação de um exército de “guerreiros da justiça social”, os alvos principais do livro da bela moça. A dissonância cognitiva é imediata: os jovens aprendem que são especiais, únicos, importantes, independente do que tenham feito, ao mesmo tempo que são todos iguais, lembrando que medíocre vem de média.
O duplipensar orwelliano está presente na sala de aula: guerra, quando liderada por comunistas, quer dizer paz, e liberdade, se garantida pelo homem branco, quer dizer opressão. Com essa narrativa, os jovens aprendem logo a odiar tudo aquilo que a civilização ocidental representa. Há um vácuo de referências morais, e os gigantes do passado são ignorados em troca dos bobões de atualidade.
Essa juventude é muito “tolerante”, mas só com os inimigos do Ocidente, só com as “minorias”, mesmo quando criminosas. A única coisa que não toleram é aquele que defende o legado ocidental. Mas como essa é a civilização mais avançada que já existiu, só podemos concluir que são, portanto, bárbaros. Ainda que moderninhos e descolados.
Texto originalmente publicado na revista IstoÉ
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