Hitler e Mussolini eram de extrema-direita, e Stalin e Mao, de extrema-esquerda. Comunistas lutavam contra fascistas. Logo, a esquerda “progressista”, que hoje se diz antifascista e acusa a direita de fascista, representa o oposto daquilo que os seguidores de Hitler e Mussolini pregavam, certo?
Errado. Talvez não haja nada mais perto do fascismo hoje do que o grupo Antifa, que tem elos com a esquerda. Mas isso não é uma surpresa para quem efetivamente estudou história. No passado, era a esquerda que também tinha afinidade ideológica com nazistas e fascistas. Como, então, tão pouca gente sabe disso?
Em seu novo livro, A grande mentira, o acadêmico Dinesh D’Souza resgata essas raízes históricas que ligam a esquerda americana e os nazistas e fascistas, argumentando que somente uma mentira escabrosa, que inverte totalmente a realidade, poderia passar impune por tantas décadas. Foi o próprio Hitler que ensinou a tática: uma pequena mentira não seria crível, seria logo desmascarada; mas uma enorme mentira poderia sobreviver, especialmente com a ajuda da cultura, da academia e da imprensa.
Com a vitória de Trump, que a esquerda não engoliu até agora, esse viés fascista dos democratas ficou mais exposto. O objetivo de Dinesh no livro é justamente mostrar que não é Trump o verdadeiro fascista, apesar de tantas acusações nesse sentido, mas sim a própria esquerda que o acusa. E, para tanto, ele volta às origens desses movimentos ideológicos na América e na Europa, comprovando a ligação entre eles.
Antes mesmo do surgimento do fascismo e do nazismo, já era a esquerda americana, por meio do Partido Democrata, que apresentava traços racistas, que defendia a segregação, que tinha escravos, que fundou a Ku Klux Klan. Lincoln, que declarou guerra à escravidão, era do Partido Republicano, o que é praticamente omitido nos filmes sobre ele.
Os movimentos contrários a Trump, que não aceitam o resultado de uma eleição legítima, fazem de tudo para derrubá-lo, ainda que de forma ilegítima. Grupos violentos e mascarados impedem palestras de conservadores em universidades e agridem defensores do presidente. Para eles, os “fascistas” não devem ter direito à liberdade de expressão. Aprenderam com Marcuse que é aceitável reprimir os “intolerantes”, custe o que custar.
Enxergando em Trump a grande ameaça fascista, então, graças ao apoio da mídia e de muitos intelectuais, esses brutamontes nem sequer percebem que são eles que agem exatamente como os “camisas marrons” de Hitler ou os “camisas negras” de Mussolini. Para derrotar o “nazismo”, a esquerda pode e deve usar os métodos nazistas: foi essa a lição de Marcuse, e foi bem absorvida, como podemos ver. Na prática, tudo aquilo que não é extrema-esquerda já é considerado “fascismo” ou “nazismo”, o que significa dizer que a esquerda radical pretende calar qualquer divergência, exatamente como fizeram os nazistas.
O autor mostra, ainda, como as práticas de eugenia dos nazistas começaram com a esquerda americana, de onde muitos nazistas extraíram importantes lições. Margaret Sanger, feminista e fundadora da Planned Parenthood, era uma defensora do aborto como “controle de natalidade” para impedir o avanço dos “deploráveis”. Os nazistas conheciam seu trabalho, e ela tinha orgulho disso. Tratava-se de uma via de mão dupla. Sanger é hoje admirada por democratas como Hillary Clinton.
A principal definição do fascismo é a concentração de todo o poder no Estado. A frase de Mussolini resume bem isso: “Tudo no Estado, nada contra o Estado, e nada fora do Estado”. Essa visão encontra eco justamente nos “progressistas” que clamam por mais e mais Estado em nossas vidas, querendo controlar tudo, do berço ao túmulo. A visão coletivista que transforma o indivíduo num meio sacrificável tem forte semelhança com várias mensagens dos democratas. E isso não começou com Obama.
Na verdade, a época em que os Estados Unidos mais se aproximaram do fascismo foi justamente na década de 1930, com Roosevelt, o presidente que ficou no poder por mais tempo. A admiração entre os principais assessores de FDR e os fascistas italianos era mútua. O New Deal, com seu símbolo da águia azul que deveria estar estampada em todos os estabelecimentos nacionais, era claramente influenciado pela visão fascista.
O Estado seria a grande locomotiva do progresso, e as liberdades constitucionais foram ignoradas. Até a Suprema Corte correu risco, quando Roosevelt ameaçou aumentar a quantidade de juízes para aprovar suas reformas consideradas inconstitucionais. Quem não liga para o devido processo legal e esses limites constitucionais são justamente os fascistas. Vimos o mesmo desprezo pela Constituição com o Obamacare.
O que tanto “progressistas” como nazistas e fascistas também desprezam é o capitalismo liberal. Muitos ignoram o fato de que o antissemitismo de Hitler tinha origem em seu ódio pelos financistas. Para ele, o elo entre judeu e capitalismo era total, e fonte de sua raiva. Soa familiar ao ódio pregado pelos democratas contra Wall Street, contra os especuladores e ricos capitalistas em geral? Não é a esquerda que odeia Israel, enquanto Trump representa seu maior aliado?
Há vasta informação no livro sobre as demais ligações diretas e indiretas entre a esquerda americana e os nazistas. Mas a esquerda tem sido capaz de não só bancar a vítima do fascismo, como inverter a realidade e pintar a real vítima como algoz. São os conservadores e liberais clássicos que lutam contra o fascismo, que querem diminuir o Estado, descentralizar seu poder, impor limites constitucionais e preservar as liberdades individuais. Tudo isso é contrário ao fascismo e ao nazismo, assim como ao “progressismo”.
Não é coincidência que Mussolini e seus companheiros tenham vindo do socialismo, assim como Hitler e os nacional-socialistas. Tampouco deveria ser surpresa: eles viam com naturalidade essa “transição”, justamente porque consideravam o nazismo e o fascismo como ideologias socialistas na essência. Somente uma “grande mentira” poderia esconder isso de tanta gente, por tanto tempo.
Artigo originalmente publicado na Gazeta impressa
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