“Este é um governo absolutamente agressivo, que cria um clima horroroso no país. Tudo que é ligado à ciência e à arte está sendo demonizado. Artistas, cientistas e professores sofrem um bombardeio diário de mentiras, de assassinatos de reputações. O grupo que está no poder quer calar as vozes dissonantes”, disse o humorista Marcelo Adnet em entrevista recente.
Eis o contexto do desabafo, segundo a reportagem:
Ao longo da campanha eleitoral de 2018, o ator lançou vídeos em que imitava todos os candidatos à Presidência. A única paródia que suscitou reações negativas foi a de Jair Bolsonaro. Nas redes sociais, Adnet recebeu acusações de “mamar na lei Rouanet” e até ameaças de morte.
O caldo engrossou quando surgiu uma gravação em que Bolsonaro, à época hospitalizado depois de sofrer um atentado em Juiz de Fora, parecia xingar uma enfermeira. Era uma imitação da voz do então candidato, e Adnet foi imediatamente responsabilizado por ela. Em três dias, o áudio foi compartilhado mais de 280 mil vezes no Facebook.
Impossível negar que existe uma ala bolsonarista raivosa, espontânea ou alimentada pelo "gabinete do ódio". Quem quer que ouse criticar o governo conhece o modus operandi da turma. Intimidação, xingamentos, ataques pessoais e até ameaças fazem parte do estilo dessa turma, que alimenta forte ressentimento.
E eis o cerne da questão: ao que estão reagindo? Pois não há dúvidas de que se trata de uma reação. São reacionários nesse sentido, gente indignada, cansada, saturada, que permitiu que a raiva falasse mais alto do que qualquer sentimento positivo em suas vidas. E em boa parte essa revolta é legítima, ainda que os métodos dos revoltosos sejam condenáveis e, em alguns casos, inaceitáveis.
Como era a vida política antes de Bolsonaro? É importante fazer essa pergunta, pois muitos tentam pintar um quadro falso, de que havia relativa paz e harmonia. Bolsonaro seria, nessa narrativa, a causa da polarização, não o seu sintoma. O mesmo acontece com Trump nos Estados Unidos: ele é responsabilizado pela indecência crescente no debate político. Mas isso é balela!
Basta lembrar como Mitt Romney, praticamente um lorde britânico, era tratado pela esquerda e boa parte da mídia. O mesmo aconteceu com Bush e com John MaCain, ambos republicanos moderados. Os "progressistas" banalizaram os termos "nazista" e "fascista", usados para definir todo aquele que não é socialista. O resultado está aí.
Cansados dos ataques infundados da turma do "ódio do bem", que faz discursos hipócritas sobre diversidade e tolerância, a população resolveu dar o dedo do meio a esses ícones da esquerda caviar. Gente que fala em amor enquanto só destila ódio; gente que prega tolerância enquanto deseja queimar na fogueira todo conservador; gente que pede paz enquanto defende bandos violentos como o MST ou os black blocs; enfim, gente canalha que simula bondade onde só há rancor e ódio.
Trump e Bolsonaro, em boa dose, são uma resposta a essa hipocrisia. Como fenômenos políticos, estão muito mais para um sintoma da doença do que sua causa. Toda vez que um artista fala em tolerância e abraça um bandido feito Lula ele está fomentando esse tipo de reação. Toda vez que um jornalista prega diversidade e trata com profundo despreza um eleitor de Bolsonaro ele está alimentando essa resposta.
Adnet tem razão em lamentar o clima tóxico de intolerância no país, mas erra o alvo ao culpar Bolsonaro. Como ignorar, por exemplo, a postura dos petistas, sempre raivosos, intolerantes e fanáticos? E como fingir que boa parte da elite intelectual do Brasil não passou pano ao longo de anos nessa conduta deplorável, só por ser de esquerda?
Quando o copo está cheio, uma gota d'água pode ser suficiente para transborda-lo. Acredito que seja isso que estamos presenciando no debate político atual. As redes sociais deram voz a essa maioria silenciosa, cansada do esquerdismo cafajeste, e também "empoderaram" uma minoria raivosa, que se sente segura para destilar todo seu ressentimento.
Acho que a turma boa deve se afastar da banda podre, que pode contaminar toda a direita com seus métodos similares aos dos petistas. Mas é injusto apontar o dedo para esse pessoal e ignorar que muitos estão reagindo aos anos de silêncio obsequioso, quando não aplausos efusivos dos "formadores de opinião" aos ataques pérfidos e muitas vezes agressivos por parte da esquerda. Estamos diante da terceira Lei de Newton: toda ação gera uma reação em igual proporção, no sentido oposto.
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