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No mundo ideal da democracia, os jornalistas fazem perguntas incômodas aos poderosos, que devem buscar responde-las em nome da transparência e do respeito à coisa pública. São, afinal, os representantes do povo no poder, e a imprensa tem o importante papel de lançar luz sobre aquilo que muitas autoridades gostariam de manter às sombras.

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Isso no mundo ideal. Na prática, boa parte da mídia virou uma extensão de partidos políticos, especialmente diante dos fenômenos Trump e Bolsonaro. Acompanhei de perto isso nos Estados Unidos. A mídia mainstream já tinha claro viés, a CNN era basicamente a assessoria de imprensa do Partido Democrata. Mas com a chegada de Trump ao poder, algo sem precedentes aconteceu: os jornalistas abandonaram qualquer tentativa de sequer mascarar o partidarismo. Lutaram com afinco para derrubar Trump.

Na era das redes sociais, o público percebe isso e reage. Não por acaso essa mídia perdeu credibilidade e tenta pressionar as redes sociais para perseguirem conservadores. Hoje a maioria nota o viés e entende que o jornalismo não é imparcial como deveria ser, mas sim uma campanha escancarada contra a direita no poder.

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Quando Trump dava respostas atravessadas a esses militantes disfarçados de jornalistas, o corporativismo midiático se unia para condenar o "autoritarismo" do presidente. Mas seu governo não fez nada contra a liberdade de imprensa. Enquanto isso, essa imprensa fez de tudo para distorcer os fatos, impor narrativas falsas e demonizar Trump. Não por acaso sua base de apoio ia ao delírio nos comícios quando ele detonava essa imprensa partidária. Eu vi isso com meus próprios olhos.

Não é diferente do que se passa no Brasil de Bolsonaro. A imprensa em geral virou basicamente um diretório da oposição, pintando o presidente como um genocida, desejando sua morte, jogando para baixo do tapete todos os feitos importantes do governo, catando pelo em ovo e, quando nada encontrava, criando o pelo de sua própria cabeça. A cobertura da pandemia foi o ápice dessa perseguição abjeta.

Ninguém tem sangue de barata a ponto de aguentar tudo isso calado, nem o mais budista dos budistas. E Bolsonaro não é particularmente conhecido por sua paciência e por seguir a "liturgia do cargo". Ele tampouco é um típico político falso, que mede cada palavra e calcula cada movimento de olho no marqueteiro. Bolsonaro é genuíno, gosta das "saidinhas" porque mantém contato direto com seu eleitor, sem o filtro do marketing. Ele é um tiozão do churrasco, meio tosco, com piadas um tanto exageradas ou fora de hora, mas sincero e direto. E isso assusta o mundo da política e da mídia, dominado por afetações de falsa virtude.

Uma repórter da Globo provocou o presidente sobre o uso da máscara, em vez de perguntar sobre os programas de governo apresentados no evento. É pura provocação. Essa turma quer sempre colocar Bolsonaro sob uma lente negativa, para forçar sua narrativa. Bolsonaro, cansado, deu uma resposta atravessada, mandou a repórter calar a boca e depreciou o trabalho da emissora para a qual ela trabalha.

As reações mostram o mundo dividido da bolha e do povo. Os jornalistas ficaram em polvorosa, ativaram as associações de classe, saíram em defesa da repórter e pediram até a renúncia do presidente. Renúncia por ser grosseiro com um jornalista? Essa turma corporativista necessita das sandálias da humildade mesmo. Já o povo, do outro lado, levantou a hashtag AGloboNãoPresta para o topo das tendências, com mais de 200 mil citações, além de variantes similares como GloboLixo. O presidente fez um desabafo, e pelo visto era algo engasgado na garganta de muita gente.

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Não adianta a emissora tentar "humanizar" seus apresentadores nos intervalos do telejornal. Isso soa falso e pretensioso. Seria melhor fazer de fato um jornalismo mais decente e imparcial. O presidente pode ter se excedido, pode ter agradado sua base fiel apenas, mas tem muita gente cansada do partidarismo da mídia, que passou a tratar até Renan Calheiros como alguém sério só por servir de instrumento contra o presidente. O jornalismo está na UTI, e não é bancando a vítima que os veículos de comunicação vão angariar apoio popular.

Vera Magalhães, uma espécie de ícone dessa patota corporativista e também militante doriana, tentou levar a polêmica sobre Bolsonaro e a repórter da Globo para o “Supremo” durante entrevista com o ministro Marco Aurélio Mello, e tomou um choque de realidade. O ministro disse que a liberdade de expressão é a medula da democracia e que “precisamos de uma imprensa que elogie e também critique”, especialmente com críticas construtivas que são importantes para todas as figuras públicas. Em seguida, decepcionou a intenção da militante ao afirmar: “Eu não tenho o Presidente no banco dos réus”.

Eis o ponto! Jornalistas como a Vera e outros não só colocaram o Presidente no banco dos réus, como já julgaram e já condenaram Bolsonaro. Por tudo de ruim! Ele é tratado como o responsável por cada óbito na pandemia, o que é simplesmente patético. Ele é responsabilizado até pela queda da atividade econômica, por militantes que ignoram a pandemia nessa hora e suas próprias recomendações de que a economia poderia ficar para depois, ao pregarem o lockdown. Essa gente mais parece assessoria de imprensa do Lula e dos tucanos. E o público enxerga isso.

Condenável ou não a forma de responder do presidente, o fato é que isso em nada ameaça a liberdade de imprensa no país. Os jornalistas continuam absolutamente livres até para desejar a morte de Bolsonaro na capa dos principais jornais. Se querem saber o que é censura de fato, basta olhar para países sob o socialismo defendido pelo PT. Em Cuba e na Venezuela não há mais imprensa faz tempo. É o modelo defendido por Lula. Na China tampouco há jornalismo livre, e nossos jornalistas viraram bajuladores do regime chinês de forma constrangedora.

Nas manifestações da esquerda este fim de semana, vimos o de sempre: comunistas, bandeiras vermelhas, depredação e vândalos jogando fogos de artifício contra jornalistas (lembram do Santiago Andrade?). Mas os jornalistas repetiram ainda assim que os atos foram pacíficos e ordeiros. Ou seja, lançar rojões contra jornalistas é pacifismo, mas dar resposta dura é ditadura e ameaça!

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Enquanto nossos jornalistas se acharem os deuses do Olimpo, os intocáveis, e acima da Terceira Lei de Newton, da ação e reação, vão continuar em total falta de sintonia com o povo. Este entende que uma acusação de genocídio é bem mais ofensivo e grave do que um "cala a boca" como resposta em desabafo.