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Por Marcel Balassiano, publicado pelo Instituto Liberal

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O mundo mudou bastante entre a reunião do FMI de outubro de 2019 e a de abril de 2020. Essa pandemia do coronavírus, uma crise de saúde que tem impactos na economia, começou na China e se espalhou por praticamente o mundo inteiro. Como surpresa, talvez, os três países mais impactados (em número de infectados e de mortes) são países fortes e importantes (EUA, Itália e Espanha), que representam 18,1% do PIB mundial (US$, PPP).[1]

Saber a dimensão da crise econômica ainda é muito difícil, dadas as inúmeras incertezas em torno disso tudo. Porém, recentemente, foi divulgado pelo FMI, na sua reunião semestral de abril, o World Economic Outlook, com projeções para algumas variáveis macroeconômicas,[2] entre elas a taxa real de crescimento do PIB, para esse conturbado ano de 2020, para os quase 200 países da amostra e os agregados (mundo, economias emergentes, avançadas…).

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Em outubro de 2019, o FMI previa um crescimento de 3,4% do PIB para 2020. Agora, as projeções são de uma queda de 3,0%. A projeção para as economias avançadas mudou de uma alta de 1,7% para um recuo de 6,1%. Para os países emergentes, a mudança foi de +4,5% para -1,0%. Caso esses números se confirmem, serão as piores taxas desde 1980 (início da série histórica) para o crescimento do PIB do mundo e das economias avançadas e emergentes.

O Gráfico 1 mostra a diferença entre a projeção atual e a do final de 2019. Na economia mundial, a mudança foi para -3,0%, ante +3,4%. Nesse caso, a diferença foi de 6,4 p.p.. Com isso, podemos verificar as maiores diferenças entre a projeção atual e a antiga. A maior diferença ocorreu na zona do euro, com uma queda projetada do PIB de 7,5%, ante um crescimento de 1,4% anterior. Já para as economias emergentes, a diferença foi a menor, dentre esses grupos analisados, com uma projeção de -1,0% do PIB, contra um crescimento de 4,5% projetado anteriormente. O G7 (Alemanha, Canadá, EUA, França, Itália, Japão, e Reino Unido) foi o segundo grupo com a maior diferença (-6,2% e +1,6%, respectivamente). Já no grupo América Latina e Caribe, a mudança foi para -5,2% contra 1,8% anteriormente projetado.Ao se analisarem os 193 países com projeções para esse ano, a diferença média entre a projeção atual e a de outubro passado foi de -7,3 p.p. (-6,4 p.p. foi a mediana). A diferença entre as projeções para o Brasil foi justamente esse número médio, de -7,3 p.p. O FMI projeta uma queda de 5,3% para o PIB brasileiro em 2020, contra um crescimento de 2,0% anteriormente. Na amostra completa, 40% dos países apresentaram uma diferença maior do que a brasileira. A maior diferença é da Líbia, com uma projeção atual de -58,6%, contra uma estagnação anteriormente projetada (0,0%). Do lado oposto, o país com a menor diferença foi Guiné Equatorial, com uma projeção atual de -5,5% contra uma projeção de -5,0% em outubro do ano passado.

Ainda segundo as projeções do FMI, 64% dos países do mundo vão apresentar um desempenho melhor (ou menos pior) na economia, em termos de variação do PIB, do que o Brasil em 2020. Ou seja, 124 países, dentro de uma amostra de 193, vão apresentar quedas menores do PIB do que o Brasil, ou até algum crescimento positivo para alguns poucos países.

Então, as incertezas atualmente são muito altas ainda, e as notícias e projeções de agora não são nada boas, tanto para a economia mundial quanto para a economia brasileira neste ano, infelizmente. Tomara que essa crise passe logo, com o menor impacto possível, tanto em questões de saúde quanto na parte econômica, e que todos possamos voltar à “maior normalidade” possível em breve!!

[1] Dados de 2019, divulgados no WEO de out/19, pois não houve atualização no WEO de abr/20. EUA = 15,0%; Itália = 1,7%; Espanha = 1,4%.

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[2] Bem menos projeções (número de variáveis e anos futuros) do que geralmente divulgam.