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"A hipocrisia é uma homenagem que o vício presta à virtude", disse François La Rochefoucauld. Ao ver o grau de hipocrisia e cinismo na sabatina de Paulo Gonet para a PGR e Flavio Dino para o STF, lembrei dessa fala. Ali predomina o fingimento de que tudo corre dentro da maior normalidade institucional em nosso país. Nada mais falso!

Alguns senadores, muito cordatos, tocam nas feridas. Rogério Marinho e Esperidião Amin cobraram com toda educação do mundo respostas dos sabatinados, em vão. Expuseram com toda calma do mundo o absurdo jurídico do Brasil hoje, pressionaram por explicações sobre quais medidas devem ser tomadas uma vez nos respectivos cargos, mas como dois linguados ensaboados, Gonet e Dino fugiram pela tangente.

Nas aparências, a troca de elogios e a postura civilizada dos presentes deveria ser a norma, claro. Divergências ideológicas precisam ser dirimidas dentro da política, com respeito pelo próximo. Isso partindo da premissa de normalidade institucional. Ela não existe mais. Está totalmente ausente. E é aí que entra a encenação, a hipocrisia, o espetáculo cínico. Há um elefante fedido na sala, e a imensa maioria finge que não viu nada.

Dino virou um defensor da Bíblia, da imparcialidade jurídica e alguém com humildade e cordial. Um personagem criado pelos comunistas ateus arrogantes que tratam toda a direita como selvagem, golpista, fascista, terrorista e pior do que traficante. Não engana ninguém, mas tem muito senador disposto a simular crença em troca de vantagens.

Gonet se escudou na impossibilidade de comentar qualquer caso que não tenha domínio total para se esquivar do óbvio: o Ministério Público foi usurpado pelo abuso supremo. Nenhuma resposta objetiva sobre o arbítrio em curso, sobre o ministro Alexandre de Moraes agindo como imperador - e declarando por meio da imprensa que quer a aprovação de ambos.

Está tudo dominado! O Brasil está nas mãos de revolucionários, corruptos e autoritários sem qualquer apreço pelo Estado de Direito, pela Constituição, pelos valores republicanos. E estão todos lá utilizando as instituições para dar um verniz de normalidade e legalidade ao que é claro uso de força bruta. Tenho mais respeito por um bandido que me aponta uma arma e exige minha carteira. Há menos falsidade e fica mais clara a essência da nossa relação.

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