O ser humano é um bicho um tanto adaptativo. Sua elasticidade diante das circunstâncias é mesmo impressionante. O homem é capaz de se adaptar até mesmo ao comunismo! Vive nele uma vida desgraçada, é verdade, mas se adapta, passa a mentir sistematicamente, procura sobreviver custe o que custar num sistema corrupto, que corrói até a alma.
O brasileiro se adapta até às maiores taxas de criminalidade do planeta. Faz piada de tudo, leva a "carteira do bandido", o "celular do assaltante", blinda o carro quando tem condições, e banaliza o absurdo: aquilo que deveria chocar, indignar, pois não é normal, passa a ser introjetado no cotidiano dos brasileiros como mais uma segunda, um dia normal. "Vai Batata!", grita a moça que filmava o motorista atravessando com o ônibus no meio de um tiroteio numa favela carioca.
Estamos, agora, normalizando outro tipo de absurdo: o jurídico. O Supremo Tribunal Federal virou claramente um agente político, partidário, com viés escancarado, ultrapassando e muito suas prerrogativas para perseguir a direita e proteger a esquerda. Não obstante, em vez de revoltar a comunidade jurídica e a imprensa, eis o tipo de manchete em destaque num dos maiores jornais do país hoje:
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Em qualquer país sério do mundo, esse tipo de coisa seria tratado como o absurdo que é. No Brasil lulista não. É mais um dia de semana, mais uma "reportagem" revelando como os ministros supremos atuam para substituir na prática o Congresso, a Casa do Povo, o pilar de uma democracia. Como as democracias morrem? Ora, estamos todos vendo de camarote o caso brasileiro.
E o sapo escaldado lá, sentindo a água esquentando aos poucos, alguns até elogiando: "morninha essa água, não é mesmo?", enquanto as bolhas da fervura já brotam na superfície, e o calor se torna insuportável para os mais sensíveis - e atentos.
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