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Rodrigo Constantino

Rodrigo Constantino

Um blog de um liberal sem medo de polêmica ou da patrulha da esquerda “politicamente correta”.

Secretário de Comunicação da Presidência chama editorial da Folha de “infame”

A guerra entre Folha de SP e o presidente Jair Bolsonaro ganhou novo capítulo hoje, com o texto de Fábio Wajngarten, secretário de Comunicação Social da Presidência, em resposta ao editorial do jornal neste fim de semana. Disse Fábio:

Dito isso --para que não usem esse artigo como sintoma de qualquer censura à imprensa--, quero escrever neste espaço para repudiar, com toda a ênfase, o infame, injusto e leviano editorial da Folha de S.Paulo publicado em 29 de novembro, no seu site online, e republicado no dia seguinte na edição impressa do veículo.

Os termos, o linguajar do editorial, seu conteúdo são desrespeitosos não só com a figura institucional do presidente da República como um libelo, um indisfarçável panfleto, desprovido de seriedade e consistência!

Até aí, ia bem. Sou um dos que mais apontam para o viés da imprensa, e nesse fim de semana mesmo minha coluna no ZH foi sobre a insistência de alguns em se recusar a aceitar que Bolsonaro venceu as eleições. Boa parte da mídia age como torcedora do contra, de forma totalmente parcial e partidária, por mais que tente se vender como isenta e sem ideologia.

Mas Fábio cruzou o sinal ao afirmar que a Folha não apenas torce contra o governo, mas se une àqueles que tentaram mata-lo! Eis o trecho:

Com o editorial, a Folha de S.Paulo se junta àqueles derrotados nas urnas em outubro passado, aos que tentaram matar o então candidato Jair Bolsonaro, para pregar o desrespeito, a mentira e a tentativa frustrada de desmoralizá-lo no cargo mais graduado da República.

Há uma grande diferença entre não gostar do governo e desejar a saída do presidente, e conspirar contra a sua vida. O texto abusa de adjetivos para definir os veículos de imprensa, como "torpes" e "levianos", e conclui acusando a Folha de conspiração golpista:

No fundo, o que editorial do jornal faz é defender uma conspiração pela saída do presidente da República, num golpe contra as instituições e, principalmente, contra a vontade da maioria dos brasileiros. A democracia brasileira e a liberdade de imprensa não merecem isso.

Para muitos bolsonaristas, nessa guerra entre mídia e governo vale tudo. Já que há má vontade dos jornalistas, viés ideológico, perseguição até, então cabe ao presidente reagir com todas as armas, cancelando assinaturas dos jornais em todo o estado, boicotando anunciantes etc.

Essa guerra acaba sendo útil para os dois lados, pois a mídia vende mais com as polêmicas, e o presidente encontra na imprensa um bode expiatório para colocar a culpa de qualquer erro. Com o Trump é a mesma coisa. Nenhum governo gosta da imprensa, menos ainda de uma que, de fato, demonstra viés ideológico contrário ao do governo. Mas é preciso ter cuidado para não ultrapassar limites em nome do combate às fake news.

No mais, fica uma reflexão: se o governo despreza tanto o trabalho da Folha e afirma que ela não goza de qualquer credibilidade, por que tentar publicar um texto como resposta na própria Folha? E o fato de o jornal publicar a resposta, por mais dura que seja contra ela, não deveria ser levado em conta como mérito do jornal e apreço pela liberdade de expressão?

Bolsonaristas demonizam a imprensa, mas sempre correm para dar entrevistas nas primeiras oportunidades, pois no fundo sabem que há mais destaque e respeito num veículo desses, por mais enviesado que seja, do que nos sites obscuros de bolsonaristas, que pregam só para convertidos com sua mensagem chapa-branca.

É verdade que a influência da mídia mainstream vem caindo na era das redes sociais, tanto que Bolsonaro venceu apesar dessa campanha do contra; mas se fosse realmente um zero à esquerda, por que bolsonaristas se preocupariam com o que ela diz sobre o governo? A reação trai o discurso e expõe a importância que os bolsonaristas, no fundo, ainda dão à imprensa...

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