Um debate antigo entre direitistas é se o socialismo atrai gente boa e ignorante, ou se é um desvio de caráter mesmo, uma simples ideologia da inveja. Para explicar o fenômeno da esquerda caviar, levantei vinte possíveis origens, ou seja, considero que a resposta seja mais complexa do que uma escolha binária dessas.
Há, em suma, de tudo. Certamente tem gente boa, com uma empatia pelo próximo, mas sem conhecimento político ou de economia, que acaba no colo do capeta socialista por engano. Mas é inegável que muitos são levados a essa nefasta ideologia por paixões mesquinhas, por desejo de poder ou "vingança", por pura inveja.
Voltei a essas reflexões após ver uma vez mais o ministro Paulo Guedes explicando a diferença entre o socialista e o liberal, num vídeo que viralizou nas redes sociais:
Para Guedes, o sujeito com sua sensibilidade atávica, cuja representação histórica era a religião, pode ser seduzido pelo socialismo em "cinco minutos", só por "desejar o bem". Já o liberal precisa aderir a uma cadeia de pensamento mais complexa, sofisticada, que o leva a compreender a importância da liberdade individual e, com isso, abandonar o tribalismo.
É um argumento poderoso, que foi utilizado pelo Nobel Hayek também, cujo livro mais popular foi dedicado genuinamente aos socialistas. Hayek achava que era possível mostrar o "caminho da servidão" para essas pessoas com boas intenções, e assim elas largariam o socialismo. Isso acontece, não tenho dúvidas.
Mas, infelizmente, não descarto o grande contingente de pessoas "do mal" que encontram no socialismo guarida para dar vazão não a sentimentos bondosos e religiosos, mas sim ao que há de pior no ser humano. Acabo de ler Last Exit to Utopia, do liberal francês Jean-François Revel, e seu esforço ali é justamente mostrar o caráter criminoso do comunismo desde a origem. Seus adeptos, em grande parte, sabiam dessa natureza, e eram cúmplices.
Revel rebate a tese de Furet em The passing of an illusion, em que trata a ideologia como uma "ilusão", o que certamente é mais nobre do que participar de um crime. É bem mais fácil admitir que esteve equivocado, do que aceitar que fechou os olhos para monstruosidades em nome de uma crença.
Revel chama na "chincha" esses esquerdistas radicais, mostrando que foram levados ao comunismo da mesma forma que muitos acabaram no fascismo ou no nazismo: a tentação totalitária, o desejo de poder, para remodelar o mundo à sua imagem.
Alain Besançon, em A infelicidade do século, também fornece essa "saída honrosa" aos comunistas, sendo que por enxerga-lo como uma exploração da bondade alheia, o considera ainda pior do que seu primo nazista:
O comunismo é mais perverso que o nazismo porque ele não pede ao homem que atue conscientemente como um criminoso, mas, ao contrário, se serve do espírito de justiça e de bondade que se estendeu por toda a terra para difundir em toda a terra o mal. Cada experiência comunista é recomeçada na inocência.
Guedes e Hayek concordariam, Revel não. Como alegar inocência após tantos experimentos fracassados que levaram exatamente ao mesmo destino de opressão, trabalho forçado, miséria e terror? Revel diz: "O comunismo foi algo bem pior do que uma 'ilusão'. Ele foi um crime. Ser um comunista era ser um participante ativo ou cúmplice num crime colossal contra a humanidade".
O comunismo sempre e necessariamente leva ao crime, e nesse aspecto, como em tantos outros, ele é indistinguível do nazismo. É exatamente o que mostra, com farta evidência, Revel nessa obra imperdível. É impossível ver a esquerda radical de hoje e não constatar que é um desvio espiritual, uma doença mental, um desejo demoníaco que nada tem de bondoso. Eis um exemplo entre tantos:
Esse sujeito abaixo, brasileiro, defende abertamente o stalinismo, e quem diria que o faz por bondade no coração?
Com todo o respeito que tenho por Guedes e por Hayek, fecho com Revel nessa. Não descarto casos de gente boa levada por erro ao socialismo. Mas cada vez mais é preciso fechar a porta para essa saída honrosa de uma "ilusão equivocada"; é um crime, uma ideologia nefasta, um desejo niilista de destruir.
Após tantos e tantos experimentos fracassados, tenho cada vez mais convicção de que a maioria não é "inocente útil", mas sim cúmplice de um crime. Vejam o caso de Greta Thunberg, ícone do ecoterrorismo: alguém diria mesmo se tratar de uma boa menina que desconhece o liberalismo? A mim parece mais um caso de "possessão demoníaca", ou seja, uma menina perturbada e dominada por paixões terríveis, que nada têm de nobre. É ódio mascarado de altruísmo!
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