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Tango no abismo
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"O meu clube estava à beira do abismo, mas tomou a decisão correta e deu um passo à frente." (Atribuída a João Pinto, ex-Benfica de Portugal).

Lembrei dessa frase ao tomar conhecimento do resultado - esperado - das eleições argentinas deste domingo. O peronismo está mesmo de volta ao poder! Não só no comando da Casa Rosada, mas da província de Buenos Aires. Os argentinos escolheram o suicídio econômico, e quiçá democrático.

"Acho que a Argentina escolheu mal", disse o presidente Bolsonaro. Entendo o cuidado com a diplomacia, mas eu não acho, tenho a mais absoluta certeza! Pobres argentinos, escolhendo o abismo de forma tão escancarada...

Os peronistas ganharam 9 das 11 eleições presidenciais que ocorreram na Argentina desde 1946. Estatizaram empresas, congelaram preços e salários. É o país que poderia ter sido muito diferente, rico, e que não foi nada disso, virou o patinho feio da região, mergulhado na inflação, na necessidade de calote, no FMI.

Macri foi uma tentativa de respiro reformista liberal. Venceu com tal discurso. Traiu suas promessas. Governou como outro populista, congelando preços, inflacionando a economia. Se é para ter um peronista no comando, então que seja um raiz, e não o "liberal" falso, devem ter pensado muitos argentinos. O "gradualismo" de Macri abriu as portas do inferno.

“Convidei Alberto Fernández para tomar café da manhã na Casa Rosada amanhã, para começar um período de transição ordenada”, afirmou Macri após derrota. “A única coisa que importa é o futuro dos argentinos”, acrescentou. Quando parabenizou o adversário, ouviu vaias dos apoiadores. Merecidas. São golpistas!

É preciso ser um pouquinho mais realista e duro com essa turma. O respeito às instituições é fundamental, mas eis o ponto: eles não as respeitam! Reconhecer como transição normal da democracia a tomada de poder pelo Foro de SP é cegueira. Uma concessão indevida, perigosa. Macri, também na derrota, mostrou-se acovardado diante da ameaça vermelha.

Eis o nível dessa gente, o seu "apreço" pelas instituições:

Numa das primeiras mensagens postadas, o sujeito enaltece o bandido Lula, condenado e preso pela Justiça brasileira!

Cristina Kirchner tem um currículo criminoso de causar inveja no mais marginal dos petistas. É alvo de mais de dez processos na Justiça, e se Lula tem a morte de Celso Daniel como fantasma que o assombra, Kirchner tem a de Alberto Nisman, procurador federal argentino, conhecido por investigar o atentado na Associação Mutual Israelita Argentina, em Buenos Aires, que matou 85 pessoas. Sua morte continua sem as devidas explicações.

Não há como esperar nada bom desse pessoal populista. Teremos mais congelamento de preços, mais heterodoxia, mais inflação. O Banco Central argentino já anunciou limite de compra de dólares, para tentar evitar fuga de capital. O retrocesso será inevitável. Como diria Roberto Campos, não há o menor risco de dar certo.

E isso vai afetar bastante o Brasil, claro, pois se trata do nosso maior parceiro comercial. A equipe econômica de Paulo Guedes já avalia sair do Mercosul. Durante a era petista, o Mercosul virou uma camisa de força ideológica, que prejudicava nossas empresas. O nível de incertezas aumentou muito com a volta do kirchnerismo, e o futuro do Mercosul está indefinido.

Tudo isso é triste demais. É impressionante como a praga vermelha se espalha pela América Latina, encontrando terreno fértil, fincando raízes sólidas. Não é possível combate-la com a postura tímida de um Macri da vida. Faltou coragem, velocidade, compromisso com a agenda de reformas liberais. Titubeou, o inimigo sente o cheiro de sangue e avança.

Tarde demais. Game over para a Argentina. E que fique o alerta para os brasileiros. Acho que alguns estão indo longe demais nessa vibe de “resistência ao fascismo”. Arrepender-se de votar em Bolsonaro, com todos os seus defeitos, por achar que o preposto do bandido Lula ou Ciro Gomes seriam alternativas melhores é o fim da picada! Criticar sim, mas sem perder o juízo...

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