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É sabido desde Aristoteles, ao menos, que o homem é um animal social, e que somente deuses e brutos podem abrir mão disso. Como a natureza humana não é uma linda página em branco, como queria Mao, o mecanismo de incentivos leva à certa hipocrisia nesse teatro social. Na política, então, a coisa chega a patamares hollywoodianos.
Trocando em miúdos, todos usamos alguma máscara em público. Mas isso não pode ser confundido com um relativismo tosco, de que não existe o verdadeiro e o falso, o genuíno e o impostor. É uma questão de grau. Ninguém pode ser totalmente sincero expondo tudo o que pensa sobre tudo, pois nem casamento sobreviveria. Daí a aplaudir teatros encenados em que o ator está apenas enganando o público vai uma longa distância.
Essa digressão inicial é para chegar ao clima de desconfiança geral que percola pela sociedade moderna. As pessoas não confiam mais nas instituições, na mídia, na política, pois percebem a farsa escancarada, a tentativa de deliberadamente enganar a audiência. Lula como salvador da democracia e aquele que traria a pacificação e o amor talvez tenha sido o esquete mais ridículo dos últimos tempos. O péssimo ator já está bajulando ditadores novamente, e destilando puro ódio com clima de vingança.
Os exemplos são vastos. A velha imprensa tentou monopolizar a fala em nome da ciência durante a pandemia, fez de tudo para interditar o debate aberto, rechaçou o verdadeiro método científico, que clama por refutação, e a cada dia fica mais claro que mentiram, que impuseram um teatro farsesco com objetivos obscuros.
Diante de tudo isso, as "teorias da conspiração" se parecem cada vez mais apenas conspirações mesmo, e não teorias. É o caso da invasão do Capitólio. Novas imagens de 6 de janeiro de 2021 levantam dúvidas sobre aspectos do incidente. Nos vídeos, alguns manifestantes são vistos tirando fotos no interior do prédio, entre eles o notório “xamã QAnon” Jacob Chansley, que é escoltado pacificamente por dois policiais legislativos e agradece à polícia “por permitir que entrássemos no prédio” em uma oração com megafone no local. Nove policiais ao todo estavam nas imediações e não pareciam preocupados com a presença do manifestante.
As imagens foram mostradas nesta segunda (6) à noite no programa de Tucker Carlson na Fox News. O jornalista ganhou acesso a 40 mil horas de registros das câmeras de segurança pelo novo presidente da Câmara Kevin McCarthy, do Partido Republicano. Quando ocorreu a invasão, a presidente da casa era Nancy Pelosi, do Partido Democrata.
Para Tucker Carlson, as novas imagens, que mostram os policiais aparentemente tentando abrir uma porta trancada para o xamã, “demolem” a alegação de que os atos no Capitólio foram uma “insurreição”. “Controlando as imagens que você tinha permissão de ver do 6 de janeiro, eles [os esquerdistas] controlaram como o público entendeu aquele dia”, opinou o âncora, para quem os vândalos eram uma minoria dos manifestantes e a maioria era “pacífica e ordeira”.
Tudo muito estranho, muito suspeito. E claro, não podemos deixar de pensar no nosso fatídico 8 de janeiro no Brasil, quando vandalizaram o Congresso e o Supremo Tribunal Federal. Muita gente foi presa por tais atos golpistas, sem o devido processo legal, numa espécie de culpa coletiva. E aqueles que denunciaram tais atos como a maior ameaça contra a democracia brasileira, pasmem!, fazem de tudo agora para impedir uma CPI que investigue a fundo o que realmente aconteceu ali. Não é estranho? Não é suspeito? Estaríamos nós submetidos a um grande teatro farsesco, onde nos cabe o papel forçado de palhaços do circo?