Cria do bilionário Jorge Paulo Lemann na política, a esquerdista Tabata Amaral adota fala mansa e faz algumas concessões ao "mercado". Com isso, mostra-se capaz de seduzir gente moderada, de centro. Mas sua essência é radical, e tal combinação - a forma suave com o conteúdo extremista - faz dela alguém mais perigosa do que uma Gleisi Hoffman ou Manuela D'Avila.
Não dá para esquecer que Tabata fez o L, e com convicção. Numa entrevista publicada hoje na Folha, a deputada, de olho na Prefeitura de SP, voltou a elogiar o PT: "Nosso vice presidente é uma pessoa extremamente humilde, mas com certeza é um dos quadros que mais nos orgulha no PSB. Tenho muito respeito pela história do PT, mas esse lugar precisa ser ocupado. E a gente vai estar lá. Precisamos trilhar nosso caminho. Tenho certeza que vamos nessa direção de construir uma centro esquerda que faz falta ao Brasil".
A tal "centro esquerda" a que ela se refere seria uma esquerda tão radical quanto o petismo, que ela admira, mas com algumas concessões ao pessoal do mercado e algumas críticas pontuais às ditaduras comunistas. Tabata Amaral, em suma, quer o PT com um perfume mais moderno, com uma fragrância mais moderada, mas ainda assim o PT.
"Meu receio sobre o futuro é saber se a política aprendeu com os erros do passado. As críticas que fiz ao PT e ao PSDB têm a ver com os escândalos de corrupção", diz a deputada. Ora bolas, alguém tem algum motivo para crer que Lula se arrepende de seus pecados nessa área? Logo ele, que se diz um injustiçado, um perseguido, e que quer vingança contra quem o puniu?
Tabata é sonsa, cínica, portanto. Ela finge que não aceita o "lado ruim" do petismo, mas ela casou com o pacote completo, que inclui a dissimulação acerca de suas práticas nefastas. O lulismo é indissociável desse método de fazer política, e Lula jamais deu sinais de mudança. Ao contrário: apresentou-se mais raivoso, mais disposto a atrair comparsas para seu projeto de poder, e totalmente sem pudor quanto aos companheiros tirânicos.
Tabata finge não ver nada disso. Adota sua fala mansa, tece uma ou outra "crítica" aos companheiros, e logo depois se apresenta como uma opção de centro esquerda. Mas quem olha com mais atenção não pode deixar de reparar naquela imensa estrela vermelha cravada em seu coração. Tabata fez o L. Tabata é PT. Tabata admira Lula.
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