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Trump e o resgate da política de dissuasão
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Muitos alarmistas consideraram a autorização do presidente Trump de abater o terrorista iraniano Suleimani como temerária, um ato terrorista, uma declaração de guerra, e algo insensato que vai levar ao caos, quiçá uma Terceira Guerra Mundial. Calma!

Em primeiro lugar, é preciso lembrar que o ato em si já foi uma retaliação, uma resposta aos abusos crescentes das milícias iranianas comandadas por Suleimani, sendo a gota d'água o ataque à embaixada em Bagdá, além da morte de centenas de pessoas nos últimos meses.

Ou seja, os Estados Unidos não são os provocadores aqui, e sim aqueles que tentam impor limites aos avanços imperialistas dos terroristas comandados pelo Irã. E eis o cerne da questão: como conter um regime de aiatolás fanáticos que pretende ter uma bomba nuclear e usá-la para, entre outras coisas, "varrer Israel do mapa"?

Essa é a pergunta que interessa. Os democratas acham que o caminho era o suborno, como fez Obama mandando malas de dinheiro para os líderes iranianos, no afã de que isso pudesse desviá-los das práticas terroristas. O resultado? As práticas se intensificaram. Ou seja, o método "diplomático" fracassou.

Obama definiu linhas que não podiam ser cruzadas, elas foram, e mesmo assim nada aconteceu. Esse tipo de coisa demonstra fraqueza, o que sempre aumenta a ousadia dos marginais, dos vilões. Como dizia Reagan, é a força americana que traz a paz, uma vez que qualquer sinal de covardia é um convite aos bandidos.

Reagan sabia do que estava falando: sua "guerra nas estrelas" colocou o império soviético de joelhos, e em vez de iniciar uma guerra nuclear, o "cowboy beligerante" terminou com a Guerra Fria, com a vitória do lado certo e a queda do Muro de Berlim e da União Soviética.

"Deterrance". Eis a palavra-chave aqui. Lembrando no que a política de dissuasão consiste: ameaçar o inimigo com uma retaliação desproporcional caso ele inicie uma agressão. Vai me bater? Vou te destruir! Essa postura costuma funcionar. Obama a abandonou. Trump busca resgatá-la. Mas há um porém: a ameaça de retaliação precisa ser crível.

Aqui entra a importância da imagem de Trump como alguém intempestivo, impetuoso, imprevisível, maluco. É justamente o fato de ele ser visto como alguém assim, que não liga para as sensibilidades da elite cosmopolita e da mídia, que torna sua política eficaz. Os aiatolás sabem que não estão lidando mais com Obama, aquele que queria mudar fundamentalmente a América e que achava seu país tão excepcional quanto qualquer outro.

Trump é nacionalista, temperamental, e ninguém pode estar seguro de que não partiria para uma medida mais radical. Suleimani pode ter sido só o começo, como pode ter sido um aviso definitivo. E melhor os aiatolás acreditarem no homem. Afinal, ele é "doido", como alertam os democratas do establishment.

Há riscos nessa mudança de postura? Sem dúvidas! Afinal, os aiatolás também são um tanto imprevisíveis e malucos. Sabem que um confronto direto numa guerra com a maior potência militar do planeta significaria o fim provável do regime, mas podem colocar tudo a perder mesmo assim. Não é a hipótese mais provável, contudo. E Trump conta com isso. Com o senso de sobrevivência dos aiatolás no poder.

Daí a jogada arriscada, mas inteligente. Os iranianos devem atacar alvos de aliados americanos na região, mas considero improvável que tentem um ataque terrorista a civis americanos, o que seria fatal para o regime. Os iranianos precisam reagir de alguma forma para não se desmoralizarem internamente, mas sabem que se exagerarem na dose, serão destruídos.

Em suma, Trump resgatou a política de dissuasão, como deve ser feito com um inimigo ameaçador, de preferência antes de ele ter uma bomba atômica (depois complica, como fica claro com a Coreia do Norte). Em que pesem os riscos dessa mudança, a situação anterior era instável e péssima para os interesses do mundo livre ocidental. Agora há chance de finalmente conter o regime iraniano.

Talvez, afinal, o choro de Khamenei no funeral do seu "general" tenha sido sincero, mas não por laços pessoais ou empatia, e sim por desespero ao perceber a sinuca de bico em que se meteu, perdendo o cérebro da estratégia terrorista iraniana e vendo que Trump, ao contrário de Obama, leva a sério os limites demarcados.

Não vamos ter uma guerra mundial ou nuclear. A sorte dos catastrofistas que falam nisso é que a turma tem memória curta, e quando ficar claro que a decisão do Trump não foi essa temeridade toda, sempre poderão mudar de assunto, falar do iminente derretimento do planeta ou outro alarmismo qualquer...

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