O juiz Sergio Moro parecia alguém muito sério, discreto e firme na defesa das leis. O ministro Sergio Moro já se mostrou mais apagado, incapaz de condenar abusos policiais a mando de governadores e prefeitos, para defender a liberdade individual, ou de criticar abusos supremos, para defender a Constituição. Abandonou o barco no meio de uma tempestade, saiu atirando, e imediatamente se jogou no abrigo do inimigo.
Já o político Sergio Moro parece apenas um demagogo, com várias promessas vagas e discursos politicamente corretos. Ele quer montar uma Força-Tarefa para acabar com a miséria. Ele quer diálogo com o Congresso para persuadir os deputados e senadores sem a necessidade de emendas parlamentares, que ele coloca inadvertidamente no mesmo saco podre do mensalão, banalizando um projeto totalitário e corrupto de poder da quadrilha petista.
O Moro político faz piadinha forçada com o humorista Danilo Gentili para parecer descolado, e se aproxima dos moleques oportunistas do MBL. O Moro político repete que tudo é muito simples, vendendo sonhos utópicos para adolescentes rebeldes (sem causa). Moro, sobre como acabar com a pobreza, solta esta pérola na entrevista para William Waack: “Às vezes é um problema simples…uma falta de emprego, educação”. Simples, muito simples.
Talvez a pior coisa em política seja a banalização de problemas complexos e a crença perigosa de que o estado é o grande salvador da Pátria. Moro parece beber justamente dessa mentalidade. Basta "vontade política" e alguém "bom" no comando para tudo se resolver, para o Brasil virar uma Suíça em uma gestão "esclarecida".
Moro se aproxima do liberalismo, mas não sabe se quer privatizar a Petrobras. Moro quer meritocracia no serviço público e apoia a reforma administrativa, mas se enrola ao responder sobre os privilégios do Poder Judiciário, do qual fez parte quase a vida toda. Moro diz sobre o governo Bolsonaro: “Respeitosamente, o problema do governo é a ausência de projeto. Que espécie de país quer o Planalto? Ninguém sabe”. Qual o real projeto de Moro para o país? Ninguém sabe.
Como Moro pretende executar seus planos mirabolantes? O que ele entende na prática por economia verde e digital? Qual seus planos para a Amazônia? Como Moro vai negociar com um Congresso fragmentado e fisiológico no modelo de presidencialismo de coalizão?
Sobre a maior ameaça que temos à democracia hoje, Moro tem apenas "críticas" suaves. Moro diz que respeita o STF, mas que é “forçoso” reconhecer que decisões dos últimos anos enfraqueceram o combate à corrupção. O Supremo anulou as condenações dele ao ex-presidente Lula, que está solto e elegível numa manobra bizarra. O STF persegue com um "inquérito do fim do mundo" adversários políticos, chancelado pelo plenário da casa, mas para Moro o presidente Fux é um ministro "admirável".
Diz que é preocupante quando um presidenciável "flerta" com o apoio a ditadores, como os de Cuba e Nicarágua, ignorando que Lula e o PT possuem um elo umbilical com tiranias socialistas, que o ex-presidiário fundou o Foro de SP com o ditador Fidel Castro, quem ele sempre tratou como um ídolo. Comparem a postura "crítica" de Moro com esse trecho do editorial da Gazeta do Povo:
É este Lula, fiel escudeiro de regimes carniceiros latino-americanos, que se apresentará ao eleitor brasileiro em 2022 posando de representante da “democracia”, contando com a ajuda de formadores de opinião mais comprometidos com a ideologia que com a verdade dos fatos. Lula não é um democrata, o PT não é democrata – e sua paixão por regimes autoritários é tanta que nem o pragmatismo eleitoral, que aconselharia moderação, consegue frear a ânsia petista de vir a público defender seus ditadores de estimação. Que ninguém se iluda: Lula não quer ser Merkel, Thatcher ou González; sua inspiração está em outro lugar.
Moro não consegue sequer repetir palavras objetivas e claras como estas sobre o bandido que quase destruiu nossa democracia, e pretende voltar para finalizar o serviço. Ele prefere se alinhar aos tucanos do MBL, que por sua vez passam o dia demonizando o governo Bolsonaro e tentando constranger o ministro Paulo Guedes. Este, porém, prefere não entrar na politicagem praticada pelos companheiros de Moro, como se viu em sua resposta ao deputado Kim Kataguiri na Câmara sobre offshores:
Em suma, o juiz Sergio Moro era alguém que merecia muita admiração. O político Sergio Moro é apenas mais um, pelo visto, que coloca seu projeto pessoal acima de tudo.
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