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Essa pandemia mexeu muito com as pessoas. Na era das redes sociais, o pânico disseminado pela imprensa parece ter ganhado novas proporções. A politização de tudo acirrou ainda mais os ânimos, recrudescendo o tribalismo. Nesse ambiente tóxico, está bem complicado travar qualquer debate sério.
Vejamos, por exemplo, o caso da menina Isabelli, que morreu poucos dias após tomar a vacina da Pfizer. Ela tinha apenas 16 anos. Sua mãe garante: a filha não tinha doença autoimune. “Eu nunca soube que a minha filha tinha nada. Ela sempre teve uma vida saudável”, declarou Cristiane, em entrevista concedida à rádio Jovem Pan.
“Em todos os exames, a Isabelli nunca teve nada. Foi depois que ela tomou a vacina”, afirmou a mãe. O relato é o mesmo de Geraldo Sobrinho, secretário municipal de Saúde de São Bernardo do Campo (SP), onde a garota morava. “Pelo que os especialistas falaram, provavelmente ela não tinha nada disso. Essa coisa foi desencadeada agora, por isso a mãe tem toda razão”, salientou Sobrinho à rádio. “A menina nunca passou com doença na rede pública.”
A Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo sustenta que o óbito não está relacionado ao imunizante. Cerca de 50 especialistas da pasta argumentam que Isabelli teve púrpura trombótica trombocitopênica (PPT). Trata-se de um distúrbio raro que envolve a formação de pequenos coágulos por todo o corpo, bloqueando o fluxo de sangue para os órgãos vitais, como o cérebro e o coração.
Mas como afirmar, com certeza, que a morte não tem relação com a vacina, como fizeram vários veículos de comunicação? É muita "coincidência" a menina ter morrido justamente da doença autoimune que pesquisadores israelenses associaram à vacina da Pfizer em casos raros, não é mesmo?
"Está usando a exceção como a regra", atacam aqueles que vendem vacina como uma panaceia. Sim, é um efeito bem raro, pelo visto. Mas, em primeiro lugar, toda vida importa, não? Era esse ao menos o discurso dessa turma. Em segundo lugar, com a imprensa ocultando os casos, ficamos sem saber quantos são ao certo. Por fim, é raro criança morrer de Covid também. Bem raro!
Nos Estados Unidos, por exemplo, tivemos cerca de 650 mil mortes associadas ao Covid desde o começo da pandemia. Desse total, cerca de 400 foram em pessoas abaixo de 18 anos. E não sabemos das comorbidades! Quatrocentos, em um ano e meio, num país com 320 milhões de cidadãos, e 74 milhões de crianças a adolescentes, segundo o último levantamento em 2010. Ou seja, 400 mortes em 74 milhões representam 0,0005%. Entenderam?
Só para efeito de comparação, morrem todo ano algo como 4 mil crianças afogadas no país. Por que quem vende vacina experimental para crianças não leva em conta a estatística e o baixíssimo risco de óbito por Covid? E isso sem falar que a própria OMS é cautelosa quanto à vacinação de crianças e adolescentes. Em seu site oficial, consta o seguinte da última atualização:
Crianças e adolescentes tendem a ter doença mais branda em comparação com adultos, portanto, a menos que façam parte de um grupo com maior risco de COVID-19 grave, é menos urgente vaciná-los do que pessoas mais velhas, com condições crônicas de saúde e profissionais de saúde. São necessárias mais evidências sobre o uso das diferentes vacinas COVID-19 em crianças para poder fazer recomendações gerais sobre a vacinação de crianças contra COVID-19.
Quando você mostra isso, o "gado doriana" vem apontar para a seletividade no uso da fonte. Ao contrário: ao usar como fonte o "bastião da ciência" contra eles mesmos, fica claro que a seletividade vem... deles! Ou seja, nem a OMS recomenda de forma aberta e direta a vacina em adolescentes, pois tem ressalvas e prefere a cautela. O Ministério da Saúde adota a mesma precaução. Não obstante, governadores ignoram isso tudo e afirmam que vão continuar vacinando crianças, e o STF, por meio de decisão monocrática de Lewandovski, autoriza esse absurdo.
É a "ciência" feita sob medida para os interesses de lobistas de vacinas. Enquanto isso, o ministro Queiroga testa positivo para Covid e precisa ficar em quarentena em Nova York. Qual a reação da imprensa tucana? Além da total falta de sensibilidade, sem sequer desejar pronta recuperação ao médico, culpam o próprio indivíduo por ter contraído o vírus chinês e usam o caso para ataques desnecessários:
Além da falta de empatia, falta coerência e lógica a essa turma militante. Ora, Queiroga está vacinado, ao contrário do presidente Bolsonaro. Queiroga pode tranquilamente jantar dentro de restaurantes em Nova York, ao contrário do presidente. Em vez de questionar, portanto, o absurdo do tal passaporte vacinal, essa turma desvia o foco. Mas não enganam mais quase ninguém, pois nem todo mundo é trouxa.
Em nosso contexto atual, porém, sequer podemos falar da imunidade natural. Bolsonaro foi execrado por não ter se vacinado, como se o indivíduo não devesse mais ter o direito de escolha. E quando você aponta para esse autoritarismo incoerente e hipócrita, a reação costuma ser a de te rotular de "negacionista" ou apontar para o fato de que você se vacinou.
Ora bolas! Questionar o passaporte vacinal é absolutamente legítimo e nada tem a ver com a decisão pessoal de cada um de tomar ou não a vacina. Mas interpretam como se você fosse contra a vacina para Covid, ou vacinas em geral, o que é ainda mais bizarro. O debate está proibido, interditado, abrindo espaço apenas para reações histéricas. É possível ser a favor da vacina e contra a sua obrigatoriedade. Assim como é possível ser a favor da vacina, mas com ressalvas, em especial quando se trata de criança com baixíssimo risco de morte. É o óbvio ululante. É tão difícil de entender isso?