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"O Movimento", grupo liderado por Steve Bannon, padece de uma contradição essencial, ignorada por seus admiradores. Qual o sentido numa "liga" mundial de nacionalistas unidos contra o globalismo? Se a ideia é defender a soberania nacional, os interesses de cada nação, faz sentido falar em movimento global de direita?

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Fica claro que a meta, na prática, é substituir o globalismo "progressista" por outro nacional-populista, mas ainda assim um "globalismo", ou seja, uma ingerência dessa "liga" nas democracias locais. "O movimento" se une para definir estratégias populistas de chegada ao poder, não muito diferente do que fazia o Foro de São Paulo, demonizado por eles.

Mas e quando os interesses dos italianos se chocarem com os dos brasileiros, como fica? Quem apoiar? O mesmo para o caso de Brasil e Estados Unidos. O bolsonarismo é uma adaptação caricata do que prega Bannon. Mas e quando interesses nacionais estiverem em conflito? Bolsonaro será fiel ao Brasil ou a Trump? Bannon prioriza os interesses dos americanos ou dos brasileiros?

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O presidente Trump tuitou neste fim de semana, em letras garrafais, uma boa notícia envolvendo a China. Boa notícia pela ótica americana, diga-se! Enquanto os bolsonaristas detonavam a China para agradar Trump, este negociava de forma pragmática "deals" favoráveis aos produtores americanos:

CHINA HAS ALREADY BEGUN AGRICULTURAL PURCHASES FROM OUR GREAT PATRIOT FARMERS & RANCHERS!

Eis um ótimo exemplo da incoerência essencial entre uma "liga de nacionalistas". Trump defende os interesses dos americanos, não dos brasileiros, claro. Bolsonaristas copiam - e muito mal - o nacionalismo populista de Bannon, achando que são como Trump assim. Nada mais falso!

Eduardo Bolsonaro, eu seu CPAP brasileiro que custou mais de R$ 1 milhão ao PSL, chegou a imitar Trump abraçando a bandeira. Mas é uma imitação grosseira, e ignora inclusive que o presidente americano se livrou de Bannon, seu estrategista de guerra política, logo depois que assumiu o poder e tinha que governar a nação.

Vera Magalhães acha que a foto resume o que é a direita bolsonarista hoje: "um pastiche cafona da alt-right norte-americana, sem consistência filosófica e ideológica nenhuma, que se utiliza de dinheiro público do Fundo Partidário e dos métodos do PT para se financiar e se comunicar e envolta em brigas intestinas justamente pela falta de coesão política".

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Uma coisa é defender valores conservadores, a alta cultura, o legado moral da civilização ocidental, as tradições, a prudência na política, a soberania nacional contra os globalistas. Tudo isso são bandeiras conservadoras legítimas. Mas outra coisa, bem diferente, é destilar ódio a tudo e todos, flertar com o populismo autoritário, praticar culto à personalidade, endossar uma guerra tribal e participar de um movimento "nacionalista global".

O que fica claro, após alguma reflexão básica, é que "o movimento" não passa de uma estratégia populista de tomada de poder, com base na mentalidade tribal de guerra permanente contra o inimigo, lançando mão dos mesmos métodos dele. É o globalismo de sinal trocado, assim como o bolsonarismo cada vez mais se parece com o petismo em sua postura.