Por Pedro Henrique Alves, publicado pelo Instituto Liberal
Uma placa com a imagem de um policial matando um negro foi colocada na Câmara dos Deputados, um claro desrespeito à instituição policial e aos milhares de policiais em todo o país, muitos deles também negros. A ideia do cartunista Carlos Latuff era passar a mensagem de que a instituição “Polícia” é racista e caçadora de negros. Uma das mais preferidas caricaturas da atual esquerda identitária. Esquerda essa que trocou o proletário e os operários por outros grupos que agora vivem sob sua tutela político-escravagista, tutela construída em cima de engodos e frases feitas em redes sociais. Se você é negro, gay, mulher, desajustado ou meramente “universitário”, saiba da seguinte situação: automaticamente você deve ser de esquerda; ai de ti se não for.
O deputado federal coronel Tadeu, do PSL de São Paulo, foi até à placa e a quebrou ao meio. Confesso que é plenamente contestável a atitude do parlamentar, afinal a liberdade de idiotas expressarem suas idiotices ainda é garantida neste país. Porém, apesar de a atitude do deputado ser contestável, não a julgo como sendo condenável. Isto é: eu não teria a mesma atitude, mas definitivamente não julgo o Coronel pelo que ele fez. Afinal, para ele, além de honra pessoal — o deputado também é militar —, também era questão de honra à farda e à corporação que ele representa e serve. Chamaram-no de racista e matador de negros, que atire a primeira pedra quem aguentaria sereno tal acusação canalha.
Na Polícia Militar também há negros, assim como na bandidagem também há brancos. Enquanto esses racistas— esses sim verdadeiros racistas — continuarem fazendo suas artes a fim de criar divisões raciais e tensões sociais, particionando a população por suas cores de pele — um verdadeiro apartheid com apoio do circo midiático —, manteremos sempre acesa a ideia de que é a cor de pele que faz o ladrão, o fascista, o burro, o safado e o corrupto e não o caráter vadio de cada um desses pulhas.
Falando de “falta de caráter”, Lula, assim que saiu de sua prisão especial no hotel da Polícia Federal emCuritiba, afirmou que a polícia era assassina. Suas exatas palavras foram essas: “Eu não posso ver mais jovem de 14, 15 anos, sendo assassinado pela polícia porque roubou um celular”. Pois bem, uma moça de 23 anos, em Porto Alegre, foi vítima de roubo de um cara que “só queria roubar um celular”; no entanto, mesmo após a moça entregar o smartphone, sem nenhuma reação às ordens do bandoleiro, foi cruelmente assassinada.
Porém, a minha indignação, além de ser por esse gosto de sangue em nossas bocas; além de ser pelo cheiro metálico do sangue de Nathany Stephany, recém esfriado em seu corpo, também é porque a morte de Nathany não encheu tanto de indignação as redações e nem moveu tanto assim a população humanista e garantidora de direitos humanos de nosso país; pelo menos não tanto quanto ver uma placa quebrada.
A questão é a seguinte: quando a morte não serve como munição política para os esquerdistas, eles facilmente ignoram o fato. É impressionante, parecem treinados para isso. É como se suas consciências sofressem súbitos apagões éticos e somente retornassem à tona após a realidade ter se assentado ou quando os gritos de seus líderes os despertam de seus nadas mentais.
Todavia, quando é pela causa, até mesmo uma placa quebrada parece sangrar mais que a cabeça da Nathanycrivada por munições. HIPÓCRITAS. Obviamente que não se trata de fechar os olhos para as atitudes asquerosas que muitos fardados ostentam como alguma espécie necrosada de virtude social. Moralidade seletiva não fez o meu estilo. Todavia, por maturidade política, devemos saber separar os palavrórios ocos e os discursos puramente ideológicos, do mundo real, mundo onde bandidos, independente das suas cores, portam fuzis e armamentos que nem mesmo as forças do Estado possuem. Que matam pelo simples gosto de matar, que estupram, aliciam, sequestram e rompem todo esse hímen de pureza rousseauniana que habita as teses sociológicas dos psolistas da USP e da UNICAMP.
A moral pede clareza para ser entendida — já dizia Hegel ao criticar Kant —, e a moralidade real, atuante, “feito carne”, claramente afirma que um ato criminoso é rejeitável independentemente da tonalidade da pele do agente, apesar da sua crença religiosa, política ou gostos sexuais. Ponto. Se um negro comete um crime, deve sofrer as sanções possíveis; se um branco é o meliante da vez, a mesma coisa; amarelo (?), idem.
O fato é que, uma placa quebrada não sangra; assim como repetir uma mentira mil vezes não forma uma verdade; assim como chamar a PM de racista também não a fará ser racista de fato. Derrida estava errado ao afirmar que o discurso puro e verborrágico pode conter — ou modificar — em si mesmo a essência dos fatos, da realidade. Pois a realidade assume o domínio do evidente quando a hipocrisia se torna abissal; as escamas caem dos olhos quando partidos políticos bancam advogados de assassinos e corruptos, ignorando corpos que não lhes servem como palco político, que não emprestam suas palidezes para servirem de estandartes ideológicos.
Por onde andava a indignação da esquerda quando Juliane dos Santos Duarte, homossexual, negra e mulher, foi brutalmente assassinada em São Paulo? Eu te explico o motivo do silêncio sepulcral da esquerda: ela era policial e, quando é assim, a cor de pele não conta, a sexualidade assumida não importa, ser mulher é ignorável. Juliana simplesmente não agregava à narrativa “coitadista” da esquerda progressista; então ignorem-na, esqueçam-na, finjamos que nada aconteceu…
Mas a placa? Ah sim, a placa… QUEBRARAM A PLACA… FASCISTAS…
Bem-vindo ao mundo hipócrita do socialismo.
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