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Rodrigo Constantino

Rodrigo Constantino

Um blog de um liberal sem medo de polêmica ou da patrulha da esquerda “politicamente correta”.

Vamos todos nos isolar para achatar a curva do coronavírus: mas e depois?

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Governos do mundo todo estão tomando medidas cada vez mais drásticas para conter o avanço do coronavírus. Mesmo em democracias desenvolvidas, prefeitos, governadores e presidentes estão agindo de forma draconiana para "achatar a curva" da disseminação do vírus, e assim evitar a implosão do sistema de saúde.

É compreensível. Na progressão geométrica em que o corona se espalha, os casos aumentam em exponencial e não há hospital que dê conta do número de internações. A importância de "achatar a curva" é, principalmente, evitar que o sistema de saúde fique sobrecarregado em certo momento da pandemia. O número de leitos, médicos e máscaras poderá ser insuficiente para atender a todas as pessoas.

Mas tenho uma dúvida que me parece legítima, ainda que de leigo: faremos um isolamento geral, aulas serão suspensas, evitaremos contato social: aí a curva de disseminação será achatada. Ok. E depois? Ficaremos isolados pra sempre? Não vai ter vacina tão cedo, ao menos essa é a expectativa (há alguma esperança vindo de Israel, mas é cedo para dizer). A menos que construam hospitais novos nesse período, assim que liberar volta tudo ao "normal", e o sistema implode novamente.

O que acontecerá nesse período de quarentena geral para que, quando ele for suspenso, os casos não retomem em ritmo exponencial? Ganharemos tempo, ao custo de paralisar a economia e produzir várias bancarrotas. Mas não muda a lógica da coisa: e quando liberar novamente? Não ficaremos isolados para sempre, certo? Quando liberar volta a disseminação em PG, pois não haverá "rebanho imune" (todos ficaram isolados) e seria muita utopia imaginar que o vírus será extinto totalmente. E aí?

Não se trata de condenar as medidas radicais de isolamento. Pelo contrário! Elas parecem fundamentais para ganharmos tempo. Mas o que fazer nessa fase, além de laboratórios trabalhando por uma vacina? Uma ideia seria usar os militares para uma "guerra" contra o vírus, por meio da construção de hospitais novos em velocidade recorde. Somente assim haverá leitos para quando as pessoas voltarem a circular, o que terá de ocorrer eventualmente.

Numa guerra real pela sobrevivência, liberdades individuais dão lugar ao interesse coletivo e recursos escassos são redirecionados para o esforço bélico, certo? Então talvez seja disso que precisamos agora: que os militares e os recursos sejam canalizados para a construção de hospitais! O vírus é inevitável.

Não há muito como conter totalmente a disseminação. E por isso é importante ter mais leitos à frente, rápido, para dar conta do recado. Sejamos realistas: as pessoas não podem se isolar por meses e meses a fio. Ninguém vai aguentar, e se o sistema de saúde não implodir, a economia vai.

Tudo isso é muito desafiador e complexo. Trago aqui reflexões sinceras de quem está preocupado, tentando evitar pânico e histeria, e também pensar nas soluções práticas do cotidiano, já que não enxergo como realista a suspensão por meses de toda atividade coletiva.

Vale lembrar que Wuhan na China, uma ditadura, ficou totalmente sitiada e foi capaz de conter o alastramento do corona, mas assim que permitiu alguma circulação maior, já constatou novos casos de infecção, inclusive em gente que já havia contraído a doença antes. Isolamento parcial de 14 dias resolve alguma coisa, portanto? Eu só quero entender...

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