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"Com teimosia e soberba, Lula puxa o próprio tapete", diz chamada da coluna de Marcos Augusto Gonçalves na Folha de SP. Eis o começo do texto:
Não será com teimosia, soberba, desentendimentos e desarticulação política que o governo Lula, seu partido e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, contribuirão com um futuro mais promissor para o Brasil e o governo. O segundo ano do terceiro mandato de Lula revela-se até aqui um compilado de desencontros e dissonâncias em praticamente todos os campos. Tem-se a impressão de que a administração petista exercita-se na arte de puxar seu próprio tapete.
Sim, o desgoverno Lula tem feito tanta bobagem que há cada vez mais críticas até nos jornais esquerdistas mais alinhados. Fica bem difícil defender o indefensável, passar pano para as "trapalhadas" petistas. Em seu editorial de hoje, O Globo também apontou para a obsessão do governo de arrecadar mais impostos como um problema, já que se faz necessário cortas despesas:
Não haverá ajuste fiscal sem mexer nos gastos. Se alguém ainda tinha dúvida disso, a reação à Medida Provisória (MP) do PIS/Cofins, devolvida ao Executivo pelo Congresso, deixou evidente o limite das tentativas do governo de cumprir as metas fiscais ampliando a arrecadação. São eloquentes as dificuldades para ampliar a receita de impostos num país com carga tributária já escorchante. Ao restringir o uso de créditos de PIS/Cofins para empresas pagarem outros tributos, a MP despertou oposição de diversos setores.
Lula vai seguir sendo ele mesmo, como era previsto por qualquer pessoa minimamente atenta e honesta.
O jornal aponta para as críticas recentes feitas pelo empresário Rubens Ometto, que chegou a doar bastante dinheiro para a campanha petista e agora subiu o tom das críticas. E conclui, num tom ingênuo (ou dissimulado) de tanto otimismo descabido: "Na comparação com países similares, o Brasil já tributa mais as grandes e médias empresas. Buscar dinheiro onde ele é mais fácil prejudica o crescimento. É melhor encarar a tarefa — sempre difícil e politicamente custosa — de conter gastos e buscar eficiência no setor público. A decisão final cabe a Lula. Se tiver bom senso, aceitará as sugestões para controle de despesas".
Esperar bom senso e responsabilidade fiscal de Lula e do PT tem sido a marca registrada dos tucanos, que parecem nunca aprender com os próprios erros. Eles alimentam uma esperança tola de que o Lula pode se transformar num presidente moderado e disposto a equilibrar as contas fiscais por meio de reformas e cortes de despesas. Justo aquele que chama o mercado de "dinossauro voraz" e acha que basta "vontade política" para cortar juros...
É evidente que o governo Lula não vai fazer o dever de casa cobrado pelo Globo, por colunistas da Folha de SP e por grandes empresários e economistas tucanos "liberais" ligados ao mercado. Lula vai seguir sendo ele mesmo, como era previsto por qualquer pessoa minimamente atenta e honesta. Não havia qualquer razão para esperar algo diferente, como ainda não há. Todos que aguardam uma guinada lulista rumo ao bom senso estão fadados a quebrar a cara.
Por isso a economia tende a seguir piorando, com o dólar subindo e os investimentos fugindo. A única esperança é a coisa degringolar tanto e num curto espaço de tempo que o sistema se dê conta de que precisa puxar o tapete do PT novamente, em vez de esperar seu bom senso.
Lula acabou de autorizar a compra de um tapete de sisal, em fibra natural, para as áreas de circulação e cerimônias nos palácios do Planalto e da Alvorada, onde fica a residência oficial. A aquisição vai custar R$ 71,3 mil, de acordo com o edital de licitação. Quem pode, pode. Ou melhor, quem é demagogo, reclama do consumismo da classe média e quer viver como nababo às custas dos nossos impostos não liga para o preço das coisas.
Mas se Lula seguir nessa toada, que é seu caminho natural, pode ser que seus aliados de ocasião decidam puxar esse tapete caríssimo em breve, para salvar a economia uma vez mais.
Conteúdo editado por: Jocelaine Santos