Comentário de hoje no Jornal da Manhã:
O Brasil é o país da América Latina que mais gasta com aposentadoria e onde essas despesas têm trajetória mais explosiva. De acordo com dados divulgados pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), a Previdência consumiu 12,5% do PIB em 2015, último ano com dados disponíveis. Em 2065, se não houver reforma no sistema, esse número saltará para 50,1%. Esse volume representaria 138% da projeção de gastos em 2065 – a conta não fecha.
De acordo com o levantamento, o país gasta com a população mais velha sete vezes o que destina aos mais jovens, que demandam despesas como educação.
A comissão especial da reforma da Previdência começou os trabalhos nesta terça-feira (7) e o governo tem três principais desafios definidos. O primeiro é evitar uma desidratação substancial do texto, que prevê uma economia de R$ 1,2 trilhão em até dez anos.
O segundo é acelerar as negociações para que o relator possa apresentar seu parecer em junho e a votação na comissão acontecer ainda no mesmo mês. O último grande desafio é, em paralelo às discussões na comissão, montar uma base de apoio capaz de garantir, no mínimo, os 308 votos necessários para aprovar a proposta no plenário da Câmara dos Deputados.
Ou seja, os desafios são homéricos, e essa deveria ser a prioridade total do governo, concentrando praticamente todas as suas energias. Em vez disso, o presidente dedica textão ao “filósofo” Olavo de Carvalho, líder de uma seita fanática que vem investindo pesado contra os militares dentro do governo. Quantas postagens Olavo dedicou à reforma previdenciária? Em compensação, o guru dos filhos de Bolsonaro não se importa em atacar a condição de cadeirante do general Villas Boas, mostrando que o chão não é o limite nessa suposta “guerra cultural”. São esses os tais valores morais que precisam ser resgatados no Ocidente?
O fato é que o Brasil tem pressa, com economia patinando, milhões de desempregados e uma bomba-relógio armada na Previdência. Economia certamente não é tudo. Mas sem as reformas, não haverá sequer governo Bolsonaro para combater o marxismo cultural depois. Governar é definir prioridades, já que recursos são escassos. Bolsonaro precisa definir melhor suas prioridades e se afastar do seu Rasputin, que só arruma confusão. Trump fez o mesmo com Steve Bannon, seu Olavo de Carvalho. Foco naquilo que interessa, presidente!
Rodrigo Constantino
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