Comentário de hoje no Jornal da Manhã:
O acordo histórico entre Mercosul e União Europeia foi o grande trunfo político nesse final do primeiro semestre de governo Bolsonaro. Claro que o mérito não é exclusivo da atual gestão, e as negociações se arrastavam há duas décadas. Foi um trabalho de bastidores, da diplomacia, mas é inegável que o presidente teve sua cota de participação e é apenas natural que faça uso político disso – qualquer um faria.
No passado, tanto Bolsonaro como seus filhos publicaram mensagens negativas contra o Mercosul e a UE, apoiando o Brexit e acordos bilaterais de comércio. Em tese, estão certos. O problema com esses acordos entre blocos é que são muito complexos, um emaranhado de cláusulas às vezes com pegadinhas dentro. Críticos apontaram o que seria uma contradição do bolsonarismo, portanto, que condena o globalismo, mas celebrou um acordo entre blocos “globalistas”. A incoerência, porém, só incomoda os mais puristas. No mundo real, é preciso aceitar o pragmatismo, aquilo que os economistas de Chicago chamam de “second best solutions”.
O ideal é sempre ter mais livre comércio, ou seja, a globalização liberal seria o análogo do livre mercado em âmbito global. Já o globalismo é uma espécie de “capitalismo de estado” mundial, com grupos poderosos de lobistas tentando administrar o comércio mundial. As críticas ao Mercosul e à UE são válidas, portanto, mas quem não tem cão caça como gato. A alternativa concreta não é abolir esses blocos, então é melhor que haja acordos de mais livre comércio entre eles, o que foi feito nessa semana, graças a concessões: em geopolítica não existe vitória absoluta.
O resultado prático será termos mais comércio com o mundo, o que é fantástico, até porque somos uma nação muito fechada ainda. E vale frisar o avanço em relação ao Mercosul petista, uma camisa de força ideológica que trouxe até a Venezuela para a mesa. Em geopolítica você pode ser rabo de baleia e surfar na onda da globalização, o que parece a decisão do atual governo, ou pode ser cabeça de sardinha, tentando liderar um grupo menor. O Brasil do PT escolheu ser rabo de sardinha, deixando Bolívia, Equador e Argentina abusarem de nossas empresas. Enfim, o progresso com a mudança de governo é notável.
Rodrigo Constantino
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