Comentário de hoje no Jornal da Manhã:
O Ibovespa bateu nos 100 mil pontos. Se analisarmos em dólar, ainda falta muito para seu pico histórico. Mas não deixa de ser um sinal de boas expectativas do mercado. Os investidores estão animados com a reforma previdenciária. E eis o xis da questão: se ela for mesmo aprovada, sem sofrer muitos cortes, então os 100 mil pontos serão um piso e o céu é o limite; mas se toda essa expectativa não se realizar, a correção será violenta. Até aqui, o indicador de quem realmente investe em análise, não só em discursos ou retórica, é positivo.
Mas, ao julgar pela imprensa, temos a sensação de que esse otimismo é exagerado ou infundado. Bolsonaro parece um trapalhão pela ótica do jornalismo, e mesmo uma reaproximação histórica com os Estados Unidos, benéfica para o Brasil, acaba tratada como coisa insignificante, ou menor perto do caráter ideológico da reunião. Sim, é verdade que foi dado muito espaço para figuras como Olavo de Carvalho e Steve Bannon. A diplomacia inexperiente de Ernesto Araújo também perdeu a oportunidade de preparar uma agenda mais positiva, como apontou Villa aqui na Pan. Mas ao se focar demais nas árvores, perde-se a visão da floresta: há muito tempo que o Brasil sofre em sua política externa por conta de um antiamericanismo infantil, presente em nossa “classe falante” – “intelectuais” e jornalistas. Em que pese os arroubos retóricos nacionalistas de Olavo e Bannon, o fato é que será bom para a economia brasileira estreitar laços com a América – caso isso não represente, claro, uma postura ideológica contra a China, nosso principal parceiro comercial.
Agenda de reformas em dia, apesar dos vários desafios à frente; abertura comercial; redução da burocracia; simplificação dos tributos; privatizações ou redução do escopo das estatais: o Brasil segue avançando com a pauta liberal da equipe de Paulo Guedes, a despeito da ala reacionária nacionalista. Se isso persistir, o Ibovespa vai rumo aos 130 mil pontos…
Rodrigo Constantino
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