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Se a geração atual pudesse passar um só decreto como um imperador absolutista, num arroubo de complexo de Deus, acredito que o decreto seria "é proibido morrer". Os filhotes de Prometeu querem roubar o fogo divino para mudar essa configuração "imperfeita", que impõe finitude em nossas míseras, mas sagradas, existências. Por isso tantos flertam com a busca pela imortalidade por meio da tecnologia (tadinhos).

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Tive esse pensamento por conta do coronavírus, claro, e da reação que a pandemia tem gerado. Entendo o medo, claro. Mas fico com a nítida sensação de que muitos não toleram mais o fato de que viver é arriscado. E era muito mais no passado! Mas as novas gerações sempre acham que enfrentam os maiores desafios da existência humana. Basta pensar em Greta Thunberg e a histeria com o "aquecimento global".

A Peste Negra, também conhecida como Peste Bubônica, foi a pandemia mais devastadora registada na história, tendo resultado na morte de 75 a 200 milhões de pessoas, quando a população mundial era uma pequena fração da atual.

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A gripe espanhola, também conhecida como gripe de 1918, foi uma pandemia do vírus influenza. De janeiro de 1918 a dezembro de 1920, infectou 500 milhões de pessoas, cerca de um quarto da população mundial na época. Estima-se que o número de mortos esteja entre 17 a 50 milhões, mas alguns cálculos chegam a 100 milhões. A população era um sexto da atual.

Não é o caso de menosprezar o covid-19, claro, que não é uma "gripezinha". Mas, como eu disse, as gerações modernas acham sempre que enfrentam os maiores desafios da história! Seus bisavós não tinham vacina para várias doenças que hoje são triviais. Eles saíam de casa, porém, viviam com todos os riscos que isso impunha.

O que busco aqui é um pouco de senso de proporção, colocar em perspectiva como a vida melhorou ao longo do tempo, especialmente em países capitalistas e livres. Mas jamais estaremos livres dos riscos da morte. E isso não pode nos paralisar, nos matar em vida. Foi nesse sentido que entendi o desabafo do Adrilles:

Infelizmente, colegas meus aqui da Gazeta, como Razzo e Quintela, viram nessa mensagem uma defesa da eugenia. Não é nada disso! Não é uma proposta de eutanásia, por exemplo, ao menos eu não enxerguei assim. É um alerta para quem pode viver, aceitando os riscos inerentes a tal vida, e escolhe se enclausurar por medo da morte.

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Para morrer, como diz o ditado popular, basta estar vivo. Não precisamos acelerar o encontro inevitável com a morte, claro, tampouco pregar condutas irresponsáveis. Mas jamais vou compreender como alguém pode ter, como meta na vida, o único objetivo de estender a existência. É sempre crucial questionar: qual vida?