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Você torce para que mortes de covid no Texas sigam despencando?
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Coisas muito estranhas estão acontecendo no mundo. Tudo parece terminar em disputa de futebol na política, num tribalismo excessivo e incapaz de enxergar nuances ou a dimensão toda dos problemas. Na pandemia, a coisa ficou ainda pior. Ou você é da turma isolacionista, ou um negacionista. Ou é pelas vacinas, ou pelo tratamento precoce. Ou é Doria, ou Bolsonaro. E isso é péssimo para o debate e para as soluções.

A crise é real e complexa, com muitas facetas. Quando o presidente chamava a atenção para o lado econômico lá atrás, por exemplo, como ignorar a importância disso, ainda mais num país tão pobre como o Brasil? O editorial da Gazeta do Povo hoje toca nessa questão delicada:

Soa pretensioso e até insensível exigir dos mais pobres que adotem o 'fique em casa'. Capturados entre a possibilidade da contaminação e a certeza da fome, eles sairão, sim, à rua para buscar o pão de cada dia.

O colunista Lacombe, no mesmo jornal, escreveu um texto comovente também lançando luz para esse aspecto negligenciado por muito isolacionista radical, e aponta para um triste fato:

Hoje, 27 milhões de pessoas vivem com uma renda mensal inferior a R$ 246! Não digam a elas que fiquem em casa, talvez elas não tenham casa. Com certeza, elas têm fome.

Hospitais estão lotados, milhares estão morrendo a cada dia, a pandemia é terrível. Tem ainda o lado econômico e social, e tem a questão das liberdades, até porque a pandemia eventualmente passará, mas o arbítrio de autoridades em nome da "ciência" abre precedentes bem perigosos.

Diante de tudo isso, o Texas resolveu suspender todas as restrições impostas pelo governo e contar com a responsabilidade dos cidadãos. Faz mais de um mês que o governador republicano tomou essa decisão. Até aqui, tudo ótimo: a taxa de internação e a de óbito caíram bem e mais do que a média nacional. A Gazeta do Povo escreveu uma reportagem sobre o assunto, mostrando a importância da cautela. Seguem alguns trechos:

Nas últimas duas semanas, houve queda de 10% no número de novos casos e de 38% no índice de mortes pela doença. As hospitalizações tiveram redução de 17% nesse período. Nos Estados Unidos como um todo, a queda foi de 31% no número de mortes e de 6% nas internações em hospitais causadas pelo coronavírus no mesmo período.

Até esta quinta-feira, 30% dos moradores do Texas já haviam recebido uma dose da vacina contra o novo coronavírus, enquanto 17% já foram completamente imunizados, segundo dados do Centro de Controle de Doenças (CDC) dos EUA.

"É uma combinação de vacinação com a imunidade natural de algumas pessoas que tiveram Covid, e há muitos de nós que continuam seguindo todas as regras de máscaras e distanciamento", disse Beth Kassanoff, presidente da Sociedade Médica do Condado de Dallas, à D Magazine. "Aprendemos muito no último ano sobre como prevenir [a doença] e penso que a maioria das pessoas está tentando fazer a coisa certa", completou.

Em entrevista à Fox News, Anthony Fauci, assessor médico da Casa Branca, disse que é cedo para declarar a vitória da política do Texas. "Pode ser confuso, porque podemos ver um atraso, porque frequentemente temos que esperar algumas semanas antes de ver o efeito do que você está fazendo agora", disse Fauci na terça-feira (6).

"Eu não tenho bem certeza. Pode ser que eles estejam fazendo as atividades ao ar livre. Temos que ver no longo prazo", acrescentou Fauci, que demonstrou cautela. "Nós já fomos enganados antes por situações onde as pessoas começam a abrir e nada acontece", disse. "E depois, de repente, várias semanas depois, as coisas começam a explodir. Temos que ser cuidadosos para não julgar prematuramente", comentou.

Ao anunciar a diminuição das restrições no início de março, Abbott afirmou que os texanos deveriam manter as suas próprias medidas de precaução. "Não se engane, a Covid-19 não desapareceu", disse o governador.

"O anúncio de hoje não abandona as práticas seguras que os texanos dominaram no último ano. Em vez disso, é um lembrete de que cada pessoa tem um papel a cumprir na sua própria segurança e na dos outros. Com essa ordem executiva, estamos garantindo que todos os negócios e famílias do Texas tenham a liberdade de determinar o seu próprio destino", pontuou Abbott.

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Qualquer pessoa que adoraria ver a ameaça da pandemia para trás e a preservação das nossas liberdades, a volta à normalidade o quanto antes, deveria estar torcendo muito para o sucesso texano. Infelizmente, não parece ser esse o caso.

Nessa disputa tribal das redes sociais, surgiu um fenômeno estranho: aqueles que parecem torcer pelo vírus chinês por questões políticas! Eles ganharam até apelidos. Quer identificar um "coronalover", um "pandeminion"? Simples. Pergunte a ele se está torcendo para que o experimento no Texas dê certo. Abriram tudo, suspenderam obrigatoriedades, e contam com a responsabilidade individual do povo. Se der certo - e está dando - é ótima notícia, não? Bem, pelo visto nem para todos...

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