Por Luiz Henrique Stanger, publicado pelo Instituto Liberal
Com o decreto de lockdown em curso, o mundo digital ganhou relevância exponencial. O ZOOM, aplicativo de reuniões por videoconferência que liberou os acessos gratuitamente, tem sido usado para diversas reuniões, principalmente quando estas concentram muitas pessoas. Instagram e YouTube em modo live tem ganhado adeptos e disseminado conteúdo. Em lives com empreendedores, uma coisa tem me assustado no conteúdo e nos comentários: o clamor para que o Estado faça algo. Iremos nos arrepender disso.
Frente ao momento delicado em que a vida de muitos está em risco, o Leviatã tem se aproveitado para avançar sobre nossas liberdades individuais. Com o motivo perfeito de proteger indivíduos e salvar doentes, o Estado tem tomado atitudes perigosas para cada um de nós. Importa ressaltar que o maior valor que carrego comigo é a responsabilidade individual dentro de trê valores macro: vida, liberdade e direito à propriedade privada. Assim, caberia a cada indivíduo entender sua responsabilidade neste surto e somente tal responsabilidade far-me-ia ficar em casa ou continuar trabalhando.
Exemplos do autoritarismo temos aos montes. Uma surfista se encontrava sozinha no mar numa praia vazia no Guarujá quando foi agarrada e arrastada por policiais e salva-vidas. Em Florianópolis, banhistas foram surpreendidos com a aproximação brusca de um helicóptero da Polícia Civil, que, ao dar rasantes sobre a praia levantou nuvens de areia. No Brasil há notícias de forças policiais invadindo fábricas para apreender máscaras e ventiladores. No comércio, preços foram congelados e o PROCON busca quem esteja desobedecendo a ordem.
Em todos os casos acima, as atitudes do governo atentam contra a propriedade privada, o livre comércio e a liberdade. Estão avançando em demasia sobre o indivíduo e a liberdade que lhe é inerente em favor do todo. Ressalte-se: é preciso equilíbrio. Entramos em quarentena mental, pois não exista dialética no momento, nem existem debates sobre o que está acontecendo.
A dicotomia entre economia e saúde não existe, pois o custo da vida humana pode ser muito superior com a proibição de circulação de pessoas e seus desdobramentos. É urgente trazer para o público e para tomadores de decisão o debate amplo, inclusive de outras áreas da ciência, posto que é impossível zerar o risco e não lidar mais com a aleatoriedade. Com isso, teremos um afastamento da concentração decisória do governo sobre o indivíduo e sua liberdade.
*Luiz Henrique Stanger é associado III do Instituto Líderes do Amanhã.
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